Sedução e respeito na corte de Momo Novos códigos da paquera põem homem e mulher em igualdade. Ao mesmo tempo, amores duradouros viram exemplo para novas gerações

texto: ALICE DE SOUZA e ana maria nascimento
local@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 18/02/2017 03:00

 (Peu Ricardo/DP)

O carnaval é uma festa de múltiplos sentidos. Há quem aproveite os quatro dias para extravasar as amarguras de um ano inteiro, aqueles cuja alegria consiste em usar quantas fantasias for possível e também os interessados em descolar paixões. Quando o assunto é amor, Pernambuco sai na frente dos outros polos de folia brasileiros. Para o carnaval 2017, Olinda foi escolhida pelo usuários do Parperfeito, site de relacionamento com mais de 30 milhões de cadastrados, como o destino ideal dos solteiros.

Esses foliões participarão de um jogo de paquera com regras bem diferentes do “vale-tudo” que foi característico do carnaval até, pelo menos, a década de 1990. O novo código do amor na corte de Momo exclui as “forçadas de barra” e põe homens e mulheres em posições iguais, numa arena onde “não” significa “não” e o respeito é uma das principais armas.

Olinda foi eleita como a preferida entre os usuários do sexo masculino de 21 a 29 anos e também das mulheres acima de 50 anos, quando comparada ao Rio, São Paulo e interior de Minas. Entre os homens jovens, 30% escolheram a cidade como o melhor lugar para paquerar. Entre as mulheres acima de 50 anos, 41% optaram pelo destino. A pesquisa entrevistou 633 pessoas.

Cerca de 2,8 milhões de pessoas são esperadas em Olinda, muitas delas interessadas em cumprir a principal resolução de ano novo dos brasileiros em 2017, também segundo pesquisa do Parperfeito: encontrar um novo amor. O carnaval é considerado o momento ideal para conseguir pelo menos um beijo. Mas as regras existem e devem ser cumpridas.

Ao longo das décadas, a sociedade mudou, direitos foram adquiridos e a antigas práticas comuns na folia, como puxar cabelo e forçar beijo, não fazem podem fazer parte do código, e podem até trazer implicações criminais. O segredo é manter o respeito e usar a criatividade para conquistar sem agredir ninguém. Um desafio que, quando bem-sucedido, pode fazer a paixão avançar além da quarta-feira e durar uma vida inteira, como contam os exemplos de Monyke e Rafael, Girlane e Alexandre, Greice e Marcílio e Ilanna e Nelson, que você conhecerá a seguir.

Guia didático da diferença entre paquera e assédio

Paquera

O cara curte uma mulher, chega perto e puxa assunto ou tenta se incorporar na rodinha dela

X

Assédio

O cara curte uma mulher. Chama ela, uma completa desconhecida, de “gostosa” e “delícia”. Ela provavelmente vai ficar com medo

Paquera
A mulher pode tomar a iniciativa, sim. O cara legal, mesmo não querendo, não a julga, e diz um “não” educado

X

Assédio

Quando a mulher toma a iniciativa, ele tira sarro, chama ela de “vagabunda” e conta vantagem para os amigos, como se ela não tivesse direito a desejos sexuais

Paquera
Rola uma troca de olhares, um sorriso assanhado e um sinal claro do interesse das duas partes. Vem o beijo

X

Assédio

O cara puxa o cabelo, agarra o braço, machuca e manda um “cala a boca” em forma de beijo

Paquera
Nem sempre o sim é verbal. Tem muitos jeitos de consentir: por indiretas, chegar perto, encostar de propósito, tomar a iniciativa

X

Assédio

Nem sempre o não é verbal. Mas não quer dizer que ele não esteja lá. A mulher desvia o olhar, se esquiva do toque, se afasta ou só ignora a existência do cara mesmo

Paquera
O cara toma uma iniciativa e a mulher o rejeita. Ele leva na esportiva, aceita o não e vai atrás de outras oportunidades

X

Assédio

O cara toma uma iniciativa e a mulher o rejeita. Ele não aceita a e fica insistindo. Quando finalmente desiste, a chama de feia, gorda e fala: “Eu nem te queria mesmo”

Paquera
Os dois estão bebendo e se divertindo, mas ainda estão conscientes e podem transar de maneira consensual

X

Assédio

A mulher está desacordada ou bêbada demais para consentir e, mesmo assim, o cara abusa dela

Fonte: Revista AzMina