Uma nova forma de descobrir o universo

Publicação: 12/08/2017 03:00

Se pudesse voltar no tempo e dar um conselho a si mesmo assim que foi pai, o administrador de empresas João Paulo Araújo, 32, só diria uma frase: não seja tão superprotetor e deixe seu filho descobrir o mundo por conta própria. A autoavaliação às vésperas de mais uma comemoração do Dia dos Pais com os quatro filhos se referia à forma como tratou o terceiro deles: Thales Araújo, de 9 anos. O menino nasceu com glaucoma congênita e tem baixa visão. Por causa da doença, foi tratado com muitos cuidados pelos pais. Hoje, o que João quer é que o filho dependa cada vez menos dele e da mãe.

Thales faz curso de braile e de mobilidade para ser cada vez mais independente. “Quando a gente tem um filho com necessidades especiais vem logo a superproteção. Temos medo que se machuquem. Agora, porém, vejo que a independência dele é o mais importante”, afirma. Pai também de Evellin, 13; Theo, 3, e Erick, 1; João Paulo ressalta que não vê diferença entre os filhos. “Nossa preocupação é não colocá-lo em uma redoma. Respeitamos as limitações de cada um deles, mas queremos que todos se sintam igualmente livres, amados e respeitados”, enfatiza.

Para aprender a lidar melhor com Thales, João conta que troca informações com outros pais com histórias semelhantes. “Até o momento de espera de uma consulta médica se torna uma aprendizagem, pois conversamos muito com outras pessoas. Depois, consultamos os médicos para saber se aqueles conselhos se aplicam ao nosso filho”, diz. “Em relação a todos eles, uma coisa é comum: nenhuma criança deve ser privada de uma forma de comunicação correta e adequada. Quanto a Thales, uma preocupação é me comunicar sem ruídos, de forma acessível para ele, pois posso deixá-lo triste caso passe uma informação sobre cor, por exemplo, que dificulte o entendimento dele”, completa.