A arte de viver na área preservada

Publicação: 16/12/2017 03:00

Nem tudo é beleza e inspiração quando se mora em uma cidade tombada e intitulada Patrimônio Cultural e Natural da Humanidade. A dificuldade burocrática e financeira em preservar o casario, por dentro e por fora, o vandalismo, o turismo, a vida noturna, o trânsito, tudo precisa de disciplinamento e compatibilização. É preciso garantir que os moradores, enquanto guardiões do patrimônio e da pujança da cidade, permaneçam habitando o Sítio Histórico, respeitando a vocação da cidade.

Para o artista plástico Luciano Pinheiro, morador do Alto da Sé, a Cidade Alta tem sofrido os impactos com a circulação de veículos nas ruas estreitas e ladeirosas, da multiplicação de estabelecimentos de comércio e serviços, da sobrecarga da infraestrutura local e dos problemas de coleta de lixo e saneamento.

“Pouco a pouco, os moradores estão saindo, mas somos nós que retroalimentamos o que a cidade tem de mais singular. Não são os empresários, nem a especulação. Temos um patrimônio humano, um artista em cada canto dessa cidade. E essas pessoas precisam ser respeitadas em seu espaço”, defende. Apesar disso, segundo a Prefeitura de Olinda, 87% da ocupação do Sítio Histórico ainda é de moradores, e 13% de comércio e serviços.

Para Márcia Souto, presidente da Fundarpe, todas as pessoas que frequentam Olinda querem chegar ao mesmo denominador: que seja preservada a sua beleza, o seu casario e as suas manifestações culturais. “O que estamos discutindo aqui então é como conciliar interesses diferentes, respeitando o espaço que cada um tem na cidade. Fazemos isso com disciplinamentos e estudos aprofundados”, explicou Márcia.