O futuro de um tesouro Trinta e cinco anos após título de Patrimônio Cultural e Natural da Humanidade, Olinda se esforça para seguir como um ícone

Publicação: 16/12/2017 03:00

“Para quem mora na Cidade Alta, Olinda é o centro do mundo. Não há uma casa sequer aqui que não tenha uma pintura da cidade, um retrato ou alguma referência artística sobre Olinda”, resumiu o artista plástico Luciano Pinheiro, que reside no Sítio Histórico desde a década de 1960. As comemorações dos 35 anos do título de Patrimônio Cultural e Natural da Humanidade, dado ao Sítio Histórico pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), trazem à tona um debate mais aprofundado sobre os caminhos que podem ser trilhados para que a cidade, um símbolo de Pernambuco e do Brasil,  não perca as referências arquitetônicas e paisagísticas que deram a ela o status de tesouro mundial.

A prefeitura preparou uma série de ações pontuais que se estenderão por 2018. Ainda neste mês haverá exposições, lançamentos de livros, palestras, inauguração de um escritório técnico e de um Guia de zeladoria para nortear os moradores a respeito do cuidado com as fachadas dos imóveis. De acordo com o secretário de Patrimônio e Cultura (Sepac) de Olinda, Gilberto Sobral, o escritório vai oferecer à população o apoio de engenheiros e arquitetos especializados em patrimônio na Rua do Amparo, 28 em frente ao escritório do Instituto de Patrimônio Histórico e Arquitetônico (Iphan) em Olinda.

Outra iniciativa será a elaboração de um inventário das fachadas dos 1,5 mil imóveis que estão localizados no perímetro tombado, que soma uma área de 10,4km2. O último inventário foi realizado pela prefeitura na década de 1980, quando Olinda foi intitulada Patrimônio da Humanidade. “Vamos comparar o novo documento com aquele para avaliar o estado de degradação e descaracterização dessas fachadas. Já iniciamos o diagnóstico das dez primeiras casas através do projeto de zeladoria, uma parceria entre a prefeitura e os moradores do sítio histórico. Mas já estimamos que cerca de 15% dos imóveis perderam sua identidade ao longos desses 35 anos”, adianta o assessor técnico da Sepac, Clodomir Barros. O serviço está previsto para começar em março do próximo ano.