A floresta urbana do Passarinho O fragmento de Mata Atlântica de Olinda dispõe de ecossistema com a presença de animais silvestres

Publicação: 09/12/2017 03:00

A reserva florestal urbana do Passarinho foi instituída há 30 anos. É uma das oito reservas urbanas protegidas atualmente no estado. Ela está inserida no bairro Passarinho, próximo ao Alto da Bondade, Caixa d’Água, Águas Compridas e Córrego do Abacaxi, e faz parte da bacia hidrográfica do Rio Beberibe. De 1987 a 1997 sofreu um grande processo de degradação com a derrubada de árvores e incêndios. Em 2011, foi transformada em reserva florestal urbana pela Lei Estadual 14.324/11 e foi a primeira unidade de conservação de área sustentável a ter um plano de manejo.

Com uma área de 136 hectares, a Mata de Passarinho sobrevive espremida com a pressão da ocupação de moradias no seu entorno. Manter a reserva protegida é um esforço diário. A unidade representa 0,31% de todo o território de Olinda, mas se não tivesse resguardada por lei já teria sofrido ocupação.

“O grande desafio, além do monitoramento da fauna e flora existentes, é ter a população cada vez mais consciente da importância da reserva”, ressaltou a bióloga Rosany Lócio, gerente da Unidade de Conservação da Mata do Passarinho.

A flora é bem diversificada, com uma biodiversidade de espécies nativas, frutíferas e exóticas importantes para conservação, reciclagem e produtividade da área. Dentre as espécies nativas de relevância ambiental e importância em regiões degradadas e em processo de recuperação estão embaúba, praíba, aroeira, ingá, oiti, macaíba, carrasco, sucupira, dendê e visgueiro, além de árvores frutíferas como pitangueira, mangueira, jaqueira, oliveira, pitombeira, cajá, azeitona, jatobá, amendoeira, entre outras. “O conhecimento da flora é importante para uma melhor caracterização e monitoramento das plantas”, disse a bióloga Rosany Lócio.

A gestão da reserva é compartilhada entre estado e município. “Nós estamos retomando as parcerias com a CPRH e o Cipoma para compartilhar as responsabilidades no que se refere à gestão ambiental e segurança ambiental. A situação era de total abandono”, afirmou a gerente da unidade.

A fauna existente é mais reduzida, por ocupar uma área territorial no perímetro urbano. Os mais frequentes e vistos pelos visitantes nas atividades de educação ambiental são bichos-preguiças de três garras, saguis, iguanas e várias espécies de borboletas e cobras do tipo coral - verdadeira, falsa-coral e jararaca. Também são encontradas abelhas sem ferrão e nativas do tipo uruçu (Melipona scutellaris), abelha mosquito (Plebeia), jataí (Tetragonista angustula), típicas da Mata Atlântica. As abelhas sem ferrão também são importantes para a polinização de plantas como a cupiúba e o pau-bombo. “A grande maioria dos animais existentes nesta unidade de conservação tem hábitos noturnos. Mesmo assim, não são vistos nas atividades rotineiras”, informou Rosany Lócio.

No local também são feitas palestras de sensibilização sobre importância da floresta, sua fauna e flora, além de informações sobre resíduos sólidos, desmatamento e queimadas, economia de água e conservação das nascentes. O conselho gestor, um meio para melhorar a reserva, passa por trâmites legais para ser reativado. “É o conselho que delibera sobre as intervenções na unidade. Já fizemos encaminhamentos à CPRH para que ele seja reativado em janeiro de 2018”, explicou a gestora. A mata costuma ser visitada sobretudo por alunos de escolas municipais, mas é aberta visitação a outros grupos, com agendamento.