Trinta e cinco reais emprestados por uma sobrinha, a angústia materna e apenas uma certeza. “Enquanto meu filho não estiver bem, não posso sair daqui”, dizia a mãe de Pablo Melo, a técnica de laboratório aposentada Darlene Melo, 56, que saiu do Rio Grande do Norte com quase nada. Queria apenas encontrar o filho mais velho. Na portaria da UTI do HR, deixou encostadas no canto uma mala de rodinhas e uma bolsa azul, e ficou esperando. Antes mesmo de ver Pablo, encontrou aconchego nos braços da solidariedade.

Além de precisar amputar a perna, seu filho teve ferimentos nos membros superiores. “Ele perdeu muito sangue e chegou ao hospital extremamente grave. Apresentou parada cardíaca no momento da admissão e foi reanimado. Agora vamos monitorar uma possível infecção”, disse o diretor-geral do hospital, Miguel Arcanjo.

No início da tarde de ontem, dezenas de pessoas procuraram a mãe do banhista. Algumas levaram bolachas, maçãs ou dinheiro. A maioria, pelo menos uma palavra de conforto. “Não é fácil ser mãe e ver esse sofrimento. A vontade de ajudar vem de imediato”, comentou a dona de casa Raquel Silva, 62, que saiu de ônibus de Jaboatão para encontrar Darlene.

Muitas pessoas chegaram a ofertar a casa para abrigar Darlene, mas uma amiga levou a aposentada à própria residência. Ainda abalada com o ocorrido, Darlene contou que o filho morava em Jaboatão há dois meses. “Ele trabalha num projeto de dependentes químicos, vendendo kits em transportes públicos”, contou. “Ele gostava muito de mergulhar, era afoito”, lembrou. Pablo é casado e pai de cinco meninas, de nove meses a 12 anos.