DIARIO NOS MUNICíPIOS - PALMARES » A Atenas da Mata Sul pernambucana A cidade de 62 mil habitantes se notabiliza por ser berço de renomados artistas, entre eles Ascenso Ferreira, Murilo Lagreca e Hermilo Borba Filho

Tânia Passos
tania.passos@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 19/06/2018 03:00

O município de Palmares, na Mata Sul de Pernambuco, traz em seu nome uma homenagem ao Quilombo dos Palmares, que se instalou no seu entorno e foi um dos focos de resistência contra a escravidão, sob o comando de Zumbi. Mas a cidade também se notabilizou por ser berço de renomados artistas, entre eles Ascenso Ferreira, Murilo Lagreca e Hermilo Borba Filho. Por sua diversidade cultural já ganhou o apelido de Atenas pernambucana, uma referência à cidade grega que era berço do conhecimento. Em julho, Palmares encerra o ano do centenário de nascimento de Hermilo, que também dá nome à Fundação de Cultura da cidade. Nascido no dia 8 de julho de 1917, ele se tornou advogado, escritor, crítico literário, jornalista, diretor, teatrólogo e tradutor. É um dos orgulhos da cidade e a sua história pode ser vista em uma exposição permanente na fundação que leva o seu nome com fotos que retratam os vários momentos do artista.

Entre as imagens da exposição, o público vai poder conferir momentos de Hermilo na empresa Vera Cruz no ano de 1957. Em outro, ele está ladeado por Sílvio Rabelo, a esposa Leda Alves, Gilberto Freire, Filinto Rodrigues e José Cavalcanti Borges, todos nomes ligados à cultura pernambucana. Mas foi no teatro onde Hermilo mais se destacou e em uma das imagens da exposição ele aparece ao lado do seu elenco no Teatro Arena. Há ainda Hermilo fazendo uma palestra em Assunção, no Paraguai. “Hermilo foi um nome que se projetou nacionalmente e até fora do país e ajudou a divulgar o nome de Palmares”, destacou Edson Silva, presidente da Fundação de Cultura Hermilo Borba Filho, de Palmares.     

O trabalho de curadoria foi feito pelo próprio Edson Silva, que instalou três exposições permanentes na fundação. “Além do centenário de Hermilo, nós temos também uma exposição sobre o escritor Ascenso Ferreira e outro momento que revela Palmares antigamente. Temos um acervo de cinquenta fotos, que se transformaram em cartões-postais de diferentes épocas da cidade”, explicou.

Na década de 1950, a Praça Ismael Gouveia, na área central da cidade, prevaleciam um casario antigo, uma igreja e dois grandes sobrados de frente para a praça. Os canteiros e gramas em desenhos com plantas podadas em tamanhos simétricos em nada lembram a atual praça, reconstruída após a enchente de 2010. “A água subiu tanto que atingiu a copa das árvores. Tudo ficou destruído”, lembra Manoel Alves da Silva, 41 anos, fiscal de transporte.

As enchentes que atingiram Palmares em 2010 e 2012 deixaram não apenas um rastro de destruição, mas a perda de elementos da cultura da cidade. “A biblioteca fica na parte baixa e foi coberta pelas águas, assim como o Cine Apolo, já restaurado”, contou Edson Silva.