Pouca gente sabe, mas o local onde o tradicional Mercado da Boa Vista funciona desde a primeira metade do século 19 já abrigou uma estrebaria (um “estacionamento” de cavalos), um cemitério ligado à Capela de Santa Cruz e um centro de comércio de escravos. Um projeto para contar a história daquele pedaço da região central do Recife está sendo estudado pela prefeitura como uma forma de preservar sua memória. O município também tem planos para melhorar a estrutura do mercado. Um deles é a instalação de uma cobertura retrátil sobre o pátio, para retirar os toldos utilizados atualmente. Neste segundo semestre, será iniciada a requalificação dos banheiros e das calçadas internas e externas.

“Diferentemente dos outros mercados, o da Boa Vista tem uma história que antecede a um espaço de feira. O equipamento foi se remodelando ao longo dos anos, desde que foi erguido para servir de estrebaria. E a própria concepção de mercado público também passou por uma releitura nos últimos anos. Hoje, a maioria dos boxes é formada por ambientes de socialização e culinária, pontos de encontro de amigos”, afirma a presidente da Autarquia Municipal de Serviços Urbanos (Csurb), Berenice Andrade Lima.

Apesar de ainda haver alguns boxes em estilo de mercearia, que comercializam cereais, verduras, frutas, frios e artesanato, o que sustenta a vida do mercado são os bares, que abrem do café da manhã ao happy hour. O horário de funcionamento atual é das 6h às 18h, de segunda-feira a sábado e, aos domingos, das 6h às 15h.  

Sobre o projeto de requalificação, Berenice Andrade Lima informa que os primeiros serviços acontecerão nos banheiros, cujas obras devem começar em no máximo 30 dias. “O orçamento para esses serviços é de R$ 335 mil oriundos do município. Vamos concluir todas as obras ainda neste ano.” Segundo Berenice, esse mercado é o único que possui árvores na área interna e elas também vão passar por cuidados para serem mantidas.

Já a requalificação das calçadas externas e do pátio interno, onde ficam as mesas dos bares, está incluída dentro do Lote 3 do programa Calçada Legal, gerido pela Autarquia de Urbanização (URB). A prefeitura espera a conclusão do processo licitatório para assinar o contrato, nos próximos dias, e as obras devem começar no início do segundo semestre.

“Essa requalificação prevê não apenas o piso do pátio interno e a calçada do Mercado da Boa Vista, como também toda a reforma das calçadas do entorno do mercado, que inclui a Rua da Alegria e o passeio da Igreja de São Gonçalo”, adianta o presidente da Urb João Alberto.  

“Também vamos cobrir o pátio com uma estrutura que abre e fecha para remover os toldos que tiram a beleza da área interna. Temos outro projeto para resolver a questão da drenagem e da acessibilidade e melhorar a iluminação interna, além de retirar a fiação exposta e embuti-la”, explicou Berenice Lima.

Para o comerciante Célio Sena, que dos seus 51 anos de vida, já dedicou 35 ao local, é preciso que o poder público invista mais no equipamento como uma forma de preservar a memória do próprio bairro. “Eu acho que a sinalização do mercado não é tão boa, como também não é a divulgação. Sou um dos que lutam por um museu que conte a história do lugar. Isso valoriza não apenas o equipamento mas também a nós. Meus avós vendiam artesanato aqui e hoje eu continuo no mesmo boxe, com a mesma atividade. E sou o único que ainda continua comercializando artesanato nesse mercado”, destaca Célio.