DIARIO NOS MUNICíPIOS - GOIANA » O resgate de um símbolo da fé Centenas de imagens e móveis religiosos produzidos nos séculos 17, 18 e 19 estão expostos para visitação, mediante agendamento, no Sesc do município

Publicação: 20/06/2018 03:00

Conta a história que a imagem com dois metros de altura de Nossa Senhora do Amparo, exposta em um canto do Museu de Arte Sacra Escritor Maximiano Campos, no Sesc de Goiana, foi doada pela princesa Isabel à Diocese de Nazaré da Mata. Não há documentos comprovando o fato. Mas é essa a informação que sobrevive à passagem dos anos. Junto com a peça restaurada, outras quase novecentas imagens e móveis religiosos datados dos séculos 17, 18 e 19, estão em posse do Sesc de Goiana pelo período de trinta anos.A concessão foi da diocese.

O material estava em precário estado de conservação em um depósito inadequado na Prefeitura de Goiana. Em 2014, foram removidos para o Sesc, que decidiu restaurar e expor as peças. De lá para cá, cerca de 200 foram restauradas. O acervo exposto aumenta a medida que as peças são recuperadas.

A restauradora Rosália Menezes disse que as peças ficaram durante anos na Igreja do Amparo, considerado o primeiro museu de arte sacra da América Latina. Em seguida, deslocaram o acervo para a Igreja Rosário dos Homens Pretos. “Quando ela fechou para restauro, colocaram tudo na prefeitura”, lembrou. As peças são, em geral, originárias de famílias espanholas e portuguesas que trouxeram mobiliário e oratórios quando vieram ao Brasil, assim como a família real.

O técnico de artes visuais Anderson Menezes faz a visita guiada a partir de agendamento pelo número 3626.8421. Muitas peças são do imaginário barroco, conta o especialista, pois trazem riqueza de detalhes, além da ostentação do dourado.

Entre as peças, Anderson destaca o Nosso Senhor do Bonfim – ou Cristo Morto – exposto na parede, a Nossa Senhora da Angústia, do Amparo e da Pena – expostas lado a lado, São Pedro Papa – padroeiro de Goiana – Bom Jesus dos Navegantes ou dos Pescadores – que saiam em procissão terrestre e fluvial – e os santos de roca, cujas vestimentas escondem uma armação vazada em madeira. “Eles eram confeccionados dessa forma para serem carregados mais facilmente nos andores durante as procissões. Por isso são tão enfeitados com flores”, explicou.

As peças também são restauradas por pessoas que participam do Curso de Assistente de Restauração e Conservação de Bens Culturais, promovido em parceria com o Senac. Na primeira etapa do curso, os alunos aprendem sobre educação patrimonial, história das artes, do restauro e do próprio acervo. Além disso, visitam outros museus de arte sacra e sítios históricos. A segunda etapa oferece assimilação de prática de técnicas de restauração de obras de artes e bens culturais.