As ruas jardins de Olinda não resistem ao tempo
Proposta implantada no final de década de 1980, em Olinda, vem dando a lugar ao pavimento
Tânia Passos
taniapassos@diariodepernambuco.com.br
Publicação: 17/07/2018 03:00
O urbanista Luís de Barros Freire Neto, formado em arquitetura e urbanismo pela Universidade de Brasília, nasceu no Recife, mas foi prefeito de Olinda, eleito em novembro de 1988. Com ideias modernas trouxe para Olinda a proposta de ruas jardins. O projeto-piloto foi feito no Bairro Novo e contemplou seis quadras entre as ruas Cândido Pessoa e João Manguinhos. Três décadas depois, as vias com espaço reduzido para o carro e um passeio largo para o pedestre e jardins para embelezar e fazer sombra foram descaracterizadas pelos próprios moradores. No lugar dos jardins, as áreas foram pavimentadas e a maioria serve de estacionamento.
A Diretoria de Mobilidade Urbana de Olinda fez um levantamento sobre a situação das vias e alterou a sinalização em algumas vias que passaram a ter sentido único e restrição no estacionamento. As ruas Pereira Simões, Maria Ramos e Manoel de Almeida Belo. "Por enquanto, nós estamos fazendo ajustes na circulação. Há uma demanda para alargamento dessas ruas, a partir de audiências públicas, mas estamos estudando caso a caso. Com a chegada do shopping está havendo o alargamento da Cândido Pessoa", explicou Karla Leite, diretora de mobilidade urbana de Olinda.
A aposentada Janete Souza, 75 anos, mora há 26 anos na Rua João Manguinhos. Há muito tempo abriu mão dos jardins e pavimentou a frente da casa. "Eu defendo que a rua seja alargada. O espaço é muito pequeno para os carros e eles passam por cima da calçada o que é muito pior", criticou. Com a pavimentação de toda a área do passeio, uma das preocupações é a ausência de hierarquia entre o carro e pedestre. "É preciso que haja uma hierarquia dos espaços, por isso estamos estudando essas ruas para uma requalificação de forma a garantir o espaço para o carro, serviços e pedestre", explicou Karla Leite.
Uma das propostas que estão sendo pensadas pela Diretoria de Mobilidade Urbana de Olinda é criar baias para o carro com o rebaixamento do piso que hoje é usado na frente das casas como um grande estacionamento. "Nós temos que respeitar as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas com 70 centímetros destinados aos serviços e isso inclui o verde e 1,20 metro livre para circulação do pedestre", revelou a diretora.
O alargamento da Rua Cândido Pessoa está sendo feito pelo Shopping Patteo de Olinda como medida mitigadora (de contrapartida). A pedagoga Raquel Ferreira, 50 anos, gostou do alargamento, mas está preocupada com o espaço destinado ao pedestre. "A gente passou tanto tempo com calçadas muito largas e a gora elas estão menores e há ainda árvores, lixeiros entre outras coisas que atrapalham a nossa passagem", contou. Segundo a diretora de mobilidade toda a área do passeio das vias que forem alargadas serão requalificadas dentro das normas. "Vamos obedecer o que diz as normas técnicas e cada caso está sendo estudado e conversado com os moradores", explicou.
Nas seis quadras onde foram implantadas as ruas jardins poucas são as casas que mantém os jardins. Dona Marlene Carneiro, 78 anos, mora na Rua João Manguinhos há 42 anos. Ela lembra como tudo começou. "O prefeito Luis Freire reuniu os moradores e fez uma proposta de uma parceria e os moradores também ajudaram a pagar pelo calçamento e as calçadas com jardins, mas pouca gente mantém os jardins", contou. O aposentado Mário Fernando da Silva, 71, desistiu do jardim. "Era muita dor de cabeça. Muita gente usava o jardim como depósito de lixo e resolvi pavimentar tudo e agora eles querem usar como estacionamento. A gente não tem sossego", reclamou.
VERDE
A proposta dos jardins no final da década de 1980, segundo a diretora Karla Leite foi numa época onde havia menos carros na cidade e a circulação era menor. Hoje, ela diz que fica mais difícil preservar essas áreas. "Era uma época completamente diferente, mas isso já está sendo discutido no plano de mobilidade e a chegada do shopping intensificou essa discussão, mas vamos preservar no plano o espaço para o verde", afirmou.
Saiba mais
As ruas jardins do Bairro Novo em Olinda
A Diretoria de Mobilidade Urbana de Olinda fez um levantamento sobre a situação das vias e alterou a sinalização em algumas vias que passaram a ter sentido único e restrição no estacionamento. As ruas Pereira Simões, Maria Ramos e Manoel de Almeida Belo. "Por enquanto, nós estamos fazendo ajustes na circulação. Há uma demanda para alargamento dessas ruas, a partir de audiências públicas, mas estamos estudando caso a caso. Com a chegada do shopping está havendo o alargamento da Cândido Pessoa", explicou Karla Leite, diretora de mobilidade urbana de Olinda.
A aposentada Janete Souza, 75 anos, mora há 26 anos na Rua João Manguinhos. Há muito tempo abriu mão dos jardins e pavimentou a frente da casa. "Eu defendo que a rua seja alargada. O espaço é muito pequeno para os carros e eles passam por cima da calçada o que é muito pior", criticou. Com a pavimentação de toda a área do passeio, uma das preocupações é a ausência de hierarquia entre o carro e pedestre. "É preciso que haja uma hierarquia dos espaços, por isso estamos estudando essas ruas para uma requalificação de forma a garantir o espaço para o carro, serviços e pedestre", explicou Karla Leite.
Uma das propostas que estão sendo pensadas pela Diretoria de Mobilidade Urbana de Olinda é criar baias para o carro com o rebaixamento do piso que hoje é usado na frente das casas como um grande estacionamento. "Nós temos que respeitar as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas com 70 centímetros destinados aos serviços e isso inclui o verde e 1,20 metro livre para circulação do pedestre", revelou a diretora.
O alargamento da Rua Cândido Pessoa está sendo feito pelo Shopping Patteo de Olinda como medida mitigadora (de contrapartida). A pedagoga Raquel Ferreira, 50 anos, gostou do alargamento, mas está preocupada com o espaço destinado ao pedestre. "A gente passou tanto tempo com calçadas muito largas e a gora elas estão menores e há ainda árvores, lixeiros entre outras coisas que atrapalham a nossa passagem", contou. Segundo a diretora de mobilidade toda a área do passeio das vias que forem alargadas serão requalificadas dentro das normas. "Vamos obedecer o que diz as normas técnicas e cada caso está sendo estudado e conversado com os moradores", explicou.
Nas seis quadras onde foram implantadas as ruas jardins poucas são as casas que mantém os jardins. Dona Marlene Carneiro, 78 anos, mora na Rua João Manguinhos há 42 anos. Ela lembra como tudo começou. "O prefeito Luis Freire reuniu os moradores e fez uma proposta de uma parceria e os moradores também ajudaram a pagar pelo calçamento e as calçadas com jardins, mas pouca gente mantém os jardins", contou. O aposentado Mário Fernando da Silva, 71, desistiu do jardim. "Era muita dor de cabeça. Muita gente usava o jardim como depósito de lixo e resolvi pavimentar tudo e agora eles querem usar como estacionamento. A gente não tem sossego", reclamou.
VERDE
A proposta dos jardins no final da década de 1980, segundo a diretora Karla Leite foi numa época onde havia menos carros na cidade e a circulação era menor. Hoje, ela diz que fica mais difícil preservar essas áreas. "Era uma época completamente diferente, mas isso já está sendo discutido no plano de mobilidade e a chegada do shopping intensificou essa discussão, mas vamos preservar no plano o espaço para o verde", afirmou.
Saiba mais
As ruas jardins do Bairro Novo em Olinda
- Coronel João Manguinhos (sentido único)
- Pereira Simões (sentido único)
- Maria Ramos (sentido único)
- Coronel João Ribeiro (mão dupla)
- Profº. Manoel Almeida Belo (sentido único)
- Profº. José Cândido Pessoa (está sendo alargada)
- Prefeito Luís de Barros Freire Neto (eleito em 1988)
- Os moradores das cinco ruas (ajudaram a pagar o calçamento e ganharam um passeio largo)