Lista de espera pela cirurgia tem 25 nomes

Publicação: 15/09/2018 03:00

O Espaço Trans do Hospital das Clínicas tem uma lista de espera com 25 mulheres trans para serem submetidas à cirurgia. Elas já passaram pela fonoterapia e não alcançaram resultados esperados. Para participar da intervenção médica, é preciso ter acompanhamento multidisciplinar no Espaço Trans ao longo de dois anos.

A cirurgia de Abby integra o trabalho de conclusão da residência médica de Mateus Aires. Bruno Moraes é orientador da pesquisa. Segundo a equipe, o modelo de tratamento já existe, mas é preciso trazer à luz da ciência como é possível melhorar a vida das pessoas trans, traduzir o assunto em dados científicos e avaliar a viabilidade de manter esse tipo de tratamento. “Pela literatura internacional os resultados são bons, mas precisamos ter nossa casuística”, explica Moraes. Enquanto a glotoplastia torna a voz mais aguda, a tireoplastia torna a voz mais grave. No Espaço Trans, a maior clientela é de mulheres transgêneros.

Mateus disse em um ano e meio espera operar todas as pessoas da lista. A expectativa é chegar a duas pacientes por mês. “Cientificamente, espero que as pacientes tenham resultado de adequação da voz ao gênero a partir da agudização da voz. A voz é o cartão de visita das pessoas. É muito estigmatizante ter voz masculina sem estar adequada ao gênero. Socialmente, o benefício é maior. Existe muito preconceito no meio médico com a população LGBT. Aproveitei a residência no HC para levantar essa bandeira. A gente tem essa função social de dar visibilidade à população trans e cientificar essa população, que é excluída e sofre marginalização. Não é engraçado falar disso. É científico”, pontua.