DP+EDUCAçãO » Fora das escolas por medo Percentual de estudantes do 9º ano que deixaram de ir à escola por não se sentirem seguros quase dobrou em dez anos, diz pesquisa do IBGE

Publicação: 18/07/2022 03:00

Uma década de pesquisas sobre a saúde dos adolescentes e suas tendências. É o que o IBGE divulga no estudo experimental da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE): indicadores comparáveis dos escolares do 9º ano do ensino fundamental entre as capitais do país. Os números reúnem os resultados de quatro edições do levantamento: 2009, 2012, 2015 e 2019.

A PeNSE traz informações comparativas sobre 14 temas, incluindo alimentação, atividade física, cigarro, álcool, outras drogas, situações em casa e na escola, saúde mental, saúde sexual e reprodutiva, higiene e saúde bucal, segurança, uso dos serviços de saúde, características gerais dos escolares e características do ambiente escolar. A pesquisa é feita em parceria com o Ministério da Saúde e o apoio do Ministério da Educação.

Uma das situações alarmantes mostra que cerca de 44,1% dos estudantes recifenses do 9° ano sofreram bullying em 2019. Cerca de 56,9% disseram que seus pais e responsáveis entenderam seus problemas e preocupações nos 30 dias anteriores à pesquisa. Em 2012, primeiro ano no qual essa pergunta foi feita, o índice era maior: 63,9%. Entre as garotas, o percentual caiu ainda mais, de 61,4% em 2012 para 49,3% em 2019. A PeNSE também investigou a ocorrência de bullying nas escolas, mostrando que a percepção dessa violência aumentou. Em 2019, 44,1% dos estudantes sofreram essa violência, contra 29,5% em 2009.

Outro ponto observado são as condições de segurança. Em 2019, 12,3% dos estudantes do 9º ano deixaram de ir à escola por não se sentirem seguros no trajeto da casa para a escola ou da escola para a casa. O percentual é idêntico à média nacional, mas foi o maior desde o início da pesquisa para a capital pernambucana. Em 2009, o índice foi de 6,7%, passando para 9,3% em 2012 e 11,9% em 2015.

A proporção de alunos envolvidos em luta física também aumentou expressivamente na comparação entre a PeNSE de 2009, quando 12,5% participaram de brigas, e a mesma pesquisa em 2019, quando esse percentual subiu para 18,8%. Esses episódios subiram mais entre as mulheres (de 8,1% para 12,3% no mesmo período) e na rede pública (de 12,4% para 20,5% no intervalo 2009-2019).
 
DROGAS
Em 2019, o consumo de cigarro entre os jovens do 9º ano voltou a subir aceleradamente, pois 22,7% dos estudantes desse período no Recife tinham fumado cigarro alguma vez na vida, praticamente uma volta ao patamar de 2009 (22,8%). O índice tinha baixado para 20,1% em 2012 e 11,9% em 2015.

Em 2019, cerca de 11,1% dos estudantes fumaram, pela primeira vez, antes dos 13 anos, e esse indicador, na rede pública (28%), é mais de duas vezes o da rede privada (11,6%). Apesar da venda proibida a menores de 18 anos, o modo mais frequente de se obter cigarro (38,2%) foi comprar em uma loja, bar, botequim, padaria ou banca de jornal. Em 2019, 15,8% dos alunos já haviam experimentado o narguilé e 19,5%, o cigarro eletrônico. Em 2019, 61,3% dos estudantes do 9º ano já haviam tomado uma dose de bebida alcoólica alguma vez na vida. Esse percentual aumentou frente a 2012, quando eram 49,9%, e a 2015, quando o patamar havia sido ligeiramente menor, de 49,1%.

Ainda em 2019, 11,5% tiveram problemas com família ou amigos porque tinham bebido, o maior índice da série histórica, que marcou 9,7% em 2009, 9,6% em 2012 e 6,4% em 2015. Os alunos da rede pública (20,9%) superam os da rede privada (16,1%). Em 2019, 12% dos estudantes já haviam usado alguma droga ilícita, com proporção bem maior na rede pública (14,8%) do que na rede privada (6,3%).