"O que é que está acontecendo, padrinho?"
Em entrevista ao Diario, a personal stylist Sílvia Tavares de Souza Cunha contou o que aconteceu entre ela, padre Airton e o motorista
Luís Boaventura e Lígia Mariano
vidaurbana.diario@gmail.com
Publicação: 02/06/2023 03:00
Criador da Fundação Terra, o padre Airton Freire de Lima está sendo acusado de ter participado de um estupro, consumado pelo motorista dele, Jaílson Leonardo da Silva. O caso veio a público na última terça-feira e tem dividido opiniões. Analisando toda a repercussão do caso, há uma divisão entre fiéis que defendem Airton e muitos que acreditam na palavra da vítima, Sílvia Tavares de Souza Cunha. Ao lado do marido, Wellington Cunha, ela concedeu essa entrevista à reportagem do Diario de Pernambuco e conta sua versão dos fatos sobre tudo o que aconteceu no dia em que afirma ter sido abusada.
ENTREVISTA: Sílvia Tavares de Souza Cunha // stylist
O dia 17
“Cheguei no dia 17 de agosto de 2022 na Fundação Terra. Eu era muito fanática. Pedi a ele (padre Airton) um amuleto da sorte pra mim, nem que fosse um pedaço da estopa da roupa que ele estava vestido. Ele disse que mais tarde me dava. Eu tinha acabado de tomar café com ele. Eu, ele, meu esposo e outras pessoas que estavam lá. Me despedi dele dizendo que iria dormir. Foi quando ele mandou me chamar e me pediu para esperar. E essa demora foi de mais ou menos uma hora. Eu já estava impaciente, fui embora, dar uma volta com o meu marido. Logo em seguida, recebi mensagens dele, me chamando de princesinha e que eu lhe esperasse às 6h30. Eu achei estranho, mas, jamais diria um não para ele, por tudo que já vi, pessoas sendo curadas por Deus através da fé delas, e não dele. Até eu fiquei curada de um derrame, então para mim ele era um santo, tanto é que eu o chamava de padrinho.”
O motorista (Jaílson)
“Voltando para a Fundação Terra dirigindo o meu carro, o Jaílson disse: “Dona Silvia, o padre disse que a senhora entrasse no meu carro porque os cachorros estão todos soltos. E só entendem alemão.” Os cachorros ficavam todos soltos em volta da casinha do padre. Foi quando eu disse: “Faça o seguinte: vá lá, entre, veja como é que ele se encontra e você me dá um sinal”, porque de repente ele podia estar tomando banho, ele podia estar rezando, ele podia estar se alimentando, enfim, eu não queria ser tão invasiva. Então, ele foi. Em menos de um minuto ele me chamou e eu saí do carro rápido por causa dos cachorros. Eu entrei.”
O lençol de seda pura
“Ao entrar, ele estava deitado com um lençol de seda pura. Eu estranhei porque, como trabalho com moda, sei que um lençol de seda é muito caro. Não era menos de R$ 800, pra uma pessoa que fez voto de pobreza. Achei estranho, mas relevei. Perguntei se estava tudo bem com ele e perguntei o que queria tão cedo comigo. Foi quando ele virou o rosto e me perguntou se eu sabia fazer massagem. Eu disse que sim, mas que não era uma profissional. Ele disse que o que eu fizesse já ajudaria. E aí eu subi nas costas dele e comecei a dar massagem. Foi quando ele pediu para o Jaílson pegar um pouco de Monange para deslizar um pouco nas minhas mãos. E aí eu comecei a dar massagem, comecei a massagem pelos ombros, fui descendo na costela, quando ele disse para apertar o cóccix. Quando eu apertei, ele estava sem nada por baixo.”
O estupro
“E foi aí que eu pulei da cama. Ao pular da cama, o Jaílson me deu uma gravata e botou a faca no meu pescoço e eu, sem entender nada, chorando, perguntei: “O que é que está acontecendo, padrinho?” Ele disse que nada e ninguém iria morrer, que iria depender de mim. E aí houve o estupro. Ele se levantou da cama, sentou numa cadeira e começou a se masturbar e a falar palavras tipo assim: “Ela é quase toda bonita, ela é magra, mas tem nádegas grandes e seios”, e falando que ele é meio Deus.”
Assassinato em série
Se eu chegasse pro meu marido na hora que eu estava tomando café e dissesse aconteceu isso comigo, ele na mesma hora mataria os dois, ia ser morto e provavelmente morreria. Ia ser um assassinato em série. Então, eu preferi ficar calada porque eu queria colher provas.
Graças a Deus tenho recebido bastante força pela minha coragem de botar a cara na televisão, que mulher nenhuma ainda botou, espero que depois de mim, outras criem coragem e denunciem esse psicopata.
Pedófilo
Nessa hora, quem fala é o marido. “Eu pensei ainda tomar uma atitude por minha esposa, mas respeitei a vontade dela. Ela tomou a decisão de não me falar na hora para que não fosse feito nada. Então, vamos para o lado da justiça e espero que a justiça se faça de verdade. Porque o que ele fez não só com minha esposa, mas com todas as mulheres que ele tem feito, que a gente sabe das histórias, entendeu? E os casos com crianças também. Tem criança aí no meio, além de homens, tem crianças. Ele é um pedófilo também, entendeu? Então eu quero que ele seja punido por tudo.”
Críticas
“Tem pessoas falando que quero me promover. Eu não quero me promover de jeito nenhum, mas cada um tem uma maneira de pensar. Eu só espero que as pessoas que estão me esculhambando na rede social peguem o terço e vão rezar pela misericórdia dele, porque vão cair do cavalo, porque eu vou provar e eu não vou desistir”.
Fanatismo e justiça
Antes de tudo isso acontecer eu era fanática por ele, tanto que eu fiz aqui uma tatuagem. Evidentemente que eu vou tirar, isso aqui é a cruz, é a marca da salvação, que exatamente é a marca da Fundação Terra. Hoje não me considero mais católica, eu tenho Deus dentro de mim. A decisão do arcebispo de Pesqueira veio na hora certa. Eu quero ele preso, ele e o outro, os dois presos. Sei que pode não acontecer, mas já é uma grande vitória desmoralizá-lo. Ele não pode mais pregar.
Surto
“Eu não denunciei antes, passei quase dois meses para poder denunciar, porque estava tratando do meu psicológico. Eu fiquei abaladíssima, surtei, fui parar na Tamarineira. Cheguei a expulsar o meu marido de casa porque não queria ver homem. Hoje consigo falar sobre isso sem chorar, me sinto forte.”
ENTREVISTA: Sílvia Tavares de Souza Cunha // stylist
O dia 17
“Cheguei no dia 17 de agosto de 2022 na Fundação Terra. Eu era muito fanática. Pedi a ele (padre Airton) um amuleto da sorte pra mim, nem que fosse um pedaço da estopa da roupa que ele estava vestido. Ele disse que mais tarde me dava. Eu tinha acabado de tomar café com ele. Eu, ele, meu esposo e outras pessoas que estavam lá. Me despedi dele dizendo que iria dormir. Foi quando ele mandou me chamar e me pediu para esperar. E essa demora foi de mais ou menos uma hora. Eu já estava impaciente, fui embora, dar uma volta com o meu marido. Logo em seguida, recebi mensagens dele, me chamando de princesinha e que eu lhe esperasse às 6h30. Eu achei estranho, mas, jamais diria um não para ele, por tudo que já vi, pessoas sendo curadas por Deus através da fé delas, e não dele. Até eu fiquei curada de um derrame, então para mim ele era um santo, tanto é que eu o chamava de padrinho.”
O motorista (Jaílson)
“Voltando para a Fundação Terra dirigindo o meu carro, o Jaílson disse: “Dona Silvia, o padre disse que a senhora entrasse no meu carro porque os cachorros estão todos soltos. E só entendem alemão.” Os cachorros ficavam todos soltos em volta da casinha do padre. Foi quando eu disse: “Faça o seguinte: vá lá, entre, veja como é que ele se encontra e você me dá um sinal”, porque de repente ele podia estar tomando banho, ele podia estar rezando, ele podia estar se alimentando, enfim, eu não queria ser tão invasiva. Então, ele foi. Em menos de um minuto ele me chamou e eu saí do carro rápido por causa dos cachorros. Eu entrei.”
O lençol de seda pura
“Ao entrar, ele estava deitado com um lençol de seda pura. Eu estranhei porque, como trabalho com moda, sei que um lençol de seda é muito caro. Não era menos de R$ 800, pra uma pessoa que fez voto de pobreza. Achei estranho, mas relevei. Perguntei se estava tudo bem com ele e perguntei o que queria tão cedo comigo. Foi quando ele virou o rosto e me perguntou se eu sabia fazer massagem. Eu disse que sim, mas que não era uma profissional. Ele disse que o que eu fizesse já ajudaria. E aí eu subi nas costas dele e comecei a dar massagem. Foi quando ele pediu para o Jaílson pegar um pouco de Monange para deslizar um pouco nas minhas mãos. E aí eu comecei a dar massagem, comecei a massagem pelos ombros, fui descendo na costela, quando ele disse para apertar o cóccix. Quando eu apertei, ele estava sem nada por baixo.”
O estupro
“E foi aí que eu pulei da cama. Ao pular da cama, o Jaílson me deu uma gravata e botou a faca no meu pescoço e eu, sem entender nada, chorando, perguntei: “O que é que está acontecendo, padrinho?” Ele disse que nada e ninguém iria morrer, que iria depender de mim. E aí houve o estupro. Ele se levantou da cama, sentou numa cadeira e começou a se masturbar e a falar palavras tipo assim: “Ela é quase toda bonita, ela é magra, mas tem nádegas grandes e seios”, e falando que ele é meio Deus.”
Assassinato em série
Se eu chegasse pro meu marido na hora que eu estava tomando café e dissesse aconteceu isso comigo, ele na mesma hora mataria os dois, ia ser morto e provavelmente morreria. Ia ser um assassinato em série. Então, eu preferi ficar calada porque eu queria colher provas.
Graças a Deus tenho recebido bastante força pela minha coragem de botar a cara na televisão, que mulher nenhuma ainda botou, espero que depois de mim, outras criem coragem e denunciem esse psicopata.
Pedófilo
Nessa hora, quem fala é o marido. “Eu pensei ainda tomar uma atitude por minha esposa, mas respeitei a vontade dela. Ela tomou a decisão de não me falar na hora para que não fosse feito nada. Então, vamos para o lado da justiça e espero que a justiça se faça de verdade. Porque o que ele fez não só com minha esposa, mas com todas as mulheres que ele tem feito, que a gente sabe das histórias, entendeu? E os casos com crianças também. Tem criança aí no meio, além de homens, tem crianças. Ele é um pedófilo também, entendeu? Então eu quero que ele seja punido por tudo.”
Críticas
“Tem pessoas falando que quero me promover. Eu não quero me promover de jeito nenhum, mas cada um tem uma maneira de pensar. Eu só espero que as pessoas que estão me esculhambando na rede social peguem o terço e vão rezar pela misericórdia dele, porque vão cair do cavalo, porque eu vou provar e eu não vou desistir”.
Fanatismo e justiça
Antes de tudo isso acontecer eu era fanática por ele, tanto que eu fiz aqui uma tatuagem. Evidentemente que eu vou tirar, isso aqui é a cruz, é a marca da salvação, que exatamente é a marca da Fundação Terra. Hoje não me considero mais católica, eu tenho Deus dentro de mim. A decisão do arcebispo de Pesqueira veio na hora certa. Eu quero ele preso, ele e o outro, os dois presos. Sei que pode não acontecer, mas já é uma grande vitória desmoralizá-lo. Ele não pode mais pregar.
Surto
“Eu não denunciei antes, passei quase dois meses para poder denunciar, porque estava tratando do meu psicológico. Eu fiquei abaladíssima, surtei, fui parar na Tamarineira. Cheguei a expulsar o meu marido de casa porque não queria ver homem. Hoje consigo falar sobre isso sem chorar, me sinto forte.”