"Esqueletos" estão espalhados pelo Recife População pode contribuir com as ações de fiscalização da prefeitura por telefone, tanto para denunciar quanto solicitar vistorias técnicas

Adelmo Lucena

Publicação: 15/04/2024 03:00

Parte dos 487 anos de história do Recife é contada pelos prédios da capital, marcada por edifícios monumentais que surgiram, primeiramente, onde hoje é a área central da cidade. Apesar de terem vivenciado inúmeras fases, diversas dessas construções foram escanteadas e sucateadas, causando um cenário de abandono. Para prédios como o Treze de Maio, abandonado há 60 anos, resta apenas um destino: a demolição.

Para evitar que outros não cheguem a este ponto, a população pode realizar denúncias e exigir vistorias em edificações abandonadas através do telefone 0800 0813400, da Secretaria Executiva de Defesa Civil.

A preservação dos prédios históricos se mostra importante uma vez que parte do centro do Recife é considerada Zona Especial de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural. Há pelo menos 4.191 imóveis nesta localidade, de acordo com um levantamento feito pela prefeitura.

Quem passa pelas ruas do Centro da capital e olha para cima, avista um cenário degradado, sem cuidados e sujo. Aos poucos, a cena está se estendendo para outras localidades da capital e prédios esqueletos têm agredido cada vez mais a paisagem da cidade. Locais como a Rua dos Navegantes, em Boa Viagem, a Rua Bernardino Soares, no Espinheiro e a Rua Professor Charles Batista, na Caxangá, mostram que o abandono de grandes prédios está se proliferando.

As marquises de edifícios como estes não são preservadas, apresentam rachaduras e já chegaram a cair, causando acidentes trágicos. Um exemplo foi a morte de um dos diretores do bloco carnavalesco Saberé Tradição, que não resistiu após a marquise do prédio onde o evento era realizado cair sobre ele em 2022.

Anos antes, a marquise do Edifício Capibaribe, na Rua da Aurora, no bairro de Santo Amaro, desabou e atingiu um carro e uma moto que estavam na frente do prédio. Além disso, a queda também atingiu parte da fiação elétrica, e toda a rua ficou sem energia por aproximadamente uma hora.

Entre os impactados por este cenário estão os ambulantes da cidade, que muitas vezes trabalham em áreas de risco, mesmo sem saber. Recentemente, os trabalhadores precisaram ser removidos das imediações da Avenida Guararapes, no bairro de Santo Antônio, para a recuperação de uma marquise.

Cenas como estas se tornam cada vez mais comuns e deixam de ser novidade para os moradores da capital, que hoje ficam surpresos quando há a reforma dessas construções. Mesmo com alertas sobre o risco de desabamento, comerciantes e moradores de rua se recusam a deixar os espaços, colocando a própria vida em risco.

Apesar dos órgãos fiscalizadores alertarem sobre a possibilidade de acidentes, a manutenção de imóveis privados é exclusiva atribuição dos proprietários, conforme a lei municipal 13.032 de 14 de junho de 2006.

A legislação determina que é de responsabilidade do proprietário realizar, a cada três anos, vistoria das condições físicas do conjunto estrutural e atestar a segurança da edificação.