Inclusão como nova forma de expressão

Publicação: 24/06/2024 03:00

A inclusão também é uma das marcas das quadrilhas juninas de Pernambuco, que possuem entre seus quadrilheiros pessoas com deficiência (PCD) enriquecendo as apresentações e trazendo novas perspectivas e formas de expressão. Matheus Pimentel, de 28 anos, é uma pessoa em cadeira de rodas e faz parte da Raio de Sol. Com o tema “A Engrenagem que nos move”, a quadrilha que ficou em 1° lugar se inspirou nas mesas de bonecos de Mestre Saúba de Carpina e encantou o público que lotou as arquibancadas do Pavilhão do Sítio Trindade na última terça-feira (18).

“Ver essa vitória trouxe uma grande felicidade porque a gente batalha o ano inteiro para as apresentações. Ganhar esse concurso é uma validação de um projeto pensado para as pessoas com deficiência. Somente a partir da última década que essas pessoas passaram a ter mais contato com as quadrilhas juninas. Eu sou o primeiro usuário de cadeira de rodas do Brasil a compor o quadrado da quadrilha. A inclusão e adaptação dos passos são feitas desde os ensaios, porque a coreógrafa Leila Nascimento sempre pede meu feedback sobre a coreografia e sua dificuldade”, conta Matheus.

Para ele, as quadrilhas juninas são grupos inclusivos naturalmente e funcionam com a participação de diversos segmentos da sociedade. “A quadrilha junina viu dentro da periferia uma contribuição de vários corpos e a pessoa com deficiência é só mais um corpo incluído neste movimento que abraça diferentes tipos de corpos. Eu já conversava que este era um lugar que respeitava a diversidade e que precisava de mais inclusão de PCDs porque ela proporciona a visibilidade social de forma nacional. Estou na Raio de Sol desde 2022 e pretendo continuar até quando meu corpo aguentar”, destaca.

As quadrilhas também são o significado da vida de muitas pessoas, que dedicam a elas boa parte do seu tempo. Estes grupos têm o poder de reunir pessoas de diferentes lugares, mas com o mesmo propósito.

Aline Xavier, de 29 anos, está há dez anos na Zé Matuto, de São Lourenço da Mata. Ela mora em município de Santa Cruz do Capibaribe, no Agreste, e viaja para os ensaios. “Eu danço quadrilha há 15 anos. Tenho um problema de saúde na coluna e achei que isso poderia me atrapalhar, mas minha fisioterapeuta confirmou que a dança ajuda a minha saúde”, relata.