Como são formados os bairros do Recife Capital tem 94 bairros e, pelo menos, 60 localidades que não integram a formação geopolítica, mas que são amplamente utilizadas como referência

Adelmo Lucena

Publicação: 15/07/2024 03:00

Durante um passeio ou uma viagem a outra cidade, uma das principais maneiras de entender onde um determinado ponto fica é saber o nome do bairro. O Recife possui oficialmente 94 deles, agrupados em seis regiões administrativas (Centro, Norte, Nordeste, Oeste, Sudeste e Sul), sem levar em consideração os diversos assentamentos e subdivisões utilizadas pelos moradores. Apesar de já estarem bem consolidados, os bairros do Recife ainda causam questionamentos sobre seus limites e origens, uma vez que suas formações passam despercebidas pelos habitantes.

Na capital pernambucana, o primeiro a surgir foi o Bairro do Recife, no século XVI. Esta localidade cresceu, principalmente, durante o século XIX, quando a cidade já apontava para sua atual estrutura urbana, radiocêntrica, em forma de estrela e em cinco direções (norte, sul, sudeste, oeste e noroeste), resultante da ligação entre seu núcleo primitivo e os antigos engenhos.

Setúbal, Alto do Céu, Alto 13 de Maio, Beira Rio, Jardim Caxangá, Vila Mauriceia e tantas outras localidades são bairros, certo? Na verdade, de acordo com o Censo de 2010, esses locais não integram oficialmente a lista de bairros da capital pernambucana e são apenas pontos de referência ou subdivisões criadas pelos próprios moradores da região.

A divisão dos bairros do Recife foi feita em 1988 com o decreto municipal 14.452, que instituiu 12 RPAs (Regiões Políticas Administrativas) agrupadas em zonas, sendo elas: RPAs 01 e 02 (Zona Centro), RPAs 03 e 04 (Zona Norte), RPAs 05 e 06 (Zona Noroeste), RPAs 07 e 08 (Zona Oeste), RPAs 09 e 10 (Zona Sudoeste) e RPAs 11 e 12 (Zona Sul).

Essas regiões político-administrativas são agrupamentos que servem para ajudar as interpretações estatísticas, implantar sistemas de gestão de funções públicas de interesse comum ou orientar a aplicação de políticas públicas dos governos federal e estadual.

“Os bairros do Recife surgiram de povoados, são localidades onde já existiam pessoas e elas foram nomeadas. A formação desses bairros tem muita relação com o próprio desenvolvimento da cidade. À medida que a cidade foi se expandindo ao longo dos rios e nas estradas para o interior, com a criação de fábricas, formaram-se os bairros. Os nossos bairros são tradicionais, não temos um novo bairro. Os bairros novos que temos no Recife são os da Grande Casa Amarela, que na década de 1990 foi dividida em bairros menores”, explica a presidente do Instituto da Cidade Pelópidas Silveira (ICPS), Mariana Asfora.

De acordo com o historiador Rômulo Xavier, o processo de subdivisões em bairros nas grandes cidades é comum e surge, muitas vezes, de um ponto de referência que é utilizado pelos moradores.

“Setúbal era um sítio e a parte litorânea de Boa Viagem era uma vila de pescadores. Outro exemplo é a Cidade Universitária, que não é um bairro e fica localizada na Várzea. As pessoas acabam tomando esses nomes como sendo de bairros, mas não são. Isso ocorre porque as pessoas passam a se identificar com um lugar e ele passa a ser realidade para elas”, complementa.