"Gerentes" administram compra de armas Abaixo do chefão, segundo escalação da Comando Litoral Sul é formado por pelo menos três homens que organizam o dinheiro arrecadado

Publicação: 09/09/2024 03:00

Os chamados “gerentes” do CLS aparecem na sequência da cadeia de comando após o chefe principal. Para as autoridades, os principais são Pedro Paulo de Jesus Teixeira, o Carioca, de 38 anos, e Emerson José da Silva, o Messinho, de 32 anos, que é irmão mais novo de Bambam e teria chegado a assumir as decisões da facção neste ano.

Carioca está detido em Sergipe desde junho de 2023. Já Messinho, capturado pouco depois, em outubro, morava em Maragogi, no Litoral de Alagoas, e foi levado para uma cadeia no interior de Pernambuco. Seriam deles, por exemplo, ordens para comprar e vender fuzis, pistolas e metralhadoras.

O outro “gerente” é Regival Alves da Silva Sorriso, o Val, de 46 anos, apontado como tesoureiro do CLS. Com papel de arrecadar o dinheiro do tráfico e fracioná-los em depósitos menores para diversas contas, ele teria acumulado a função de contatar fornecedores e abastecer os traficantes do grupo após a prisão de Osnir.

Osnir, Messinho, Carioca e Val são réus por lavagem de dinheiro e organização criminosa. Já Bambam e outros 14 membros do CLS foram condenados em outro processo envolvendo a facção em março. Entre os sentenciados, está Tiago Mateus de Lima, o Tobias, de 24 anos, suspeito de mais de 20 assassinatos no Litoral Sul do estado.

O rastro de sangue é uma das marcas do CLS. Na cidade de origem, a facção disputou o território com o Primeiro Comando de Ipojuca (PCI), outro grupo local, em uma guerra que fez o número de homicídios explodir na região. Há relatos de vítimas torturadas e até de corpos enterrados de cabeça para baixo no mangue.

Nem mesmo as crianças ficam a salvo da violência extrema. Em janeiro de 2017, seis integrantes do CLS chegaram a matar a tiros um bebê de apenas 1 ano e 2 meses e o padrasto dele, em meio à disputa pelo tráfico de drogas em Ipojuca, vencida pela facção.

EXPANSÃO
No Cabo de Santo Agostinho, onde o Comando Litoral Sul também tem presença consolidada e controla o tráfico na praia de Gaibu, a expansão do grupo está relacionada a 30 homicídios, registrados no período de apenas um mês, em janeiro de 2022, segundo autoridades.

“A expansão de referida organização criminosa (...), em razão da necessidade de aniquilar seus concorrentes no tráfico de drogas, vem causando uma verdadeira guerra pelo comando do comércio de substâncias entorpecentes, com inúmeros homicídios no litoral sul, litoral norte e também na região metropolitana”, disse o MPPE, em manifestação à Justiça, no mês passado.

Jaboatão dos Guararapes e, mais recentemente, Paulista, ambos no Grande Recife, são outras áreas que registram presença da facção. Já em Itamaracá, no Litoral Norte, a guerra do tráfico ficou exposta após a morte do bebê Gael Lourenço França do Carmo, de apenas 9 meses, em fevereiro de 2024. Dias depois, outra criança Jackson Kovalick Dantas Silva, de 10 anos, foi assassinada a tiros.

Em nota, a Secretaria de Defesa Social (SDS) afirma que “segue comprometida no combate à atuação de organizações criminosas em Pernambuco”. Também diz que “monitora a presença e coíbe a instalação e expansão dessas organizações” por meio do trabalho integrado de suas operativas, incluindo o setor de inteligência.