Pontes, essência da mobilidade no Recife Equipamentos conectam história, cultura e garantem o fluxo para o desenvolvimento urbano e a vida cotidiana na capital pernambucana

Adelmo Lucena

Publicação: 23/12/2024 03:00

Cortada pelos Rios Capibaribe e Beberibe, a cidade do Recife faz jus ao título de ‘Veneza Brasileira’, uma vez que é cercada por água e ligada por pontes e pontilhões. A capital pernambucana conta atualmente com mais de 50 pontes distribuídas nas Zonas Norte, Sul, Oeste e, principalmente, no Centro, onde elas possuem um grande peso e papel na mobilidade, uma vez que permitem a passagem de milhares de veículos e pedestres diariamente.

Para que bairros como Santo Antônio, São José, Cabanga e Joana Bezerra não ficassem isolados, foi preciso lançar mão dessas construções que permitissem o deslocamento através de veículos automotores, carroças e bicicletas.

Pontes mais antigas e históricas do Recife garantem a mobilidade dos moradores e visitantes há várias décadas, como as pontes Duarte Coelho, Santa Isabel, Giratória, Maurício de Nassau e Estaiada. O Diario de Pernambuco entrevistou especialistas no sssunto para explicar como estas estruturas são essenciais para o funcionamento da cidade.

Duarte Coelho

A Ponte Duarte Coelho é uma das principais estruturas do Centro do Recife, uma vez que é responsável por ligar as avenidas Conde da Boa Vista e Guararapes. A ponte que está de pé hoje foi construída na gestão do prefeito Novaes Filho e inaugurada em 1943, após ser interditada por conta da má conservação.

A Duarte Coelho também recebe, durante o carnaval, a alegoria gigante do Galo da Madrugada. Centenas de agentes de trânsito são mobilizados para orientar os motoristas por conta da interdição do equipamento, que acaba mudando todo o trânsito da localidade. Além disso, em 2024, por conta da montagem do Galo, 131 linhas de ônibus, sendo 84 convencionais, 7 BRT’s e 40 bacuraus, mudaram temporariamente o itinerário.

Ponte Giratória

Inaugurada em 5 de dezembro de 1923, a Ponte Giratória liga o Bairro do Recife ao de São José. O equipamento era símbolo de um Recife mais moderno e permitia a passagem de embarcações, uma vez que era capaz de girar.

Atualmente, a estrutura passa por obras que só devem ser finalizadas em 2026 e que incluem reforço do tabuleiro interno, incluindo as faces laterais das vigas longarinas, como também a execução de um sistema de protensão externa dessas vigas, tanto na face inferior quanto na face superior do tabuleiro.

Por conta da interdição, o trânsito do bairro São José foi alterado e nenhum veículo consegue cruzar pela ponte para chegar ao Bairro do Recife.

A professora de Geografia da UFPE e membro do CREA e da Academia Pernambucana de Ciências (APC) Edvania Torres, pontua que “a demora na conclusão dos trabalhos impacta cotidianamente os pedestres que necessitam sair do Terminal do Cais de Santa Rita para realizar suas atividades de trabalho e lazer”.

Ponte Estaiada

A Ponte Estaiada, ou Ponte Governador Paulo Guerra, é responsável por ligar os bairros do Cabanga e Pina. A estrutura faz parte da Via Mangue e possui três faixas de tráfego de veículos à esquerda e uma área de contemplação do Rio Capibaribe.

A professora da UFRPE Mariana Zerbone explica que esta ponte foi “concebida para ser uma articulação da ponte do Pina com a via Mangue, como uma alça que que interliga o centro à via expressa da zona sul, fazendo parte do complexo Riomar. A alça foi importante para a conexão com o fluxo rápido da via Mangue e para a conexão com o complexo do shopping, contudo o fato de ser estaiada não está relacionado com uma necessidade estrutural para a área, uma ponte nos moldes tradicionais seria suficiente para esta conexão com a Via Mangue”.

Ponte Princesa Isabel

A Ponte Santa Isabel é a última ponte sobre o Rio Capibaribe, antes de sua junção com o Rio Beberibe, atrás do Palácio do Campo das Princesas. Ela liga os bairros de Santo Antônio e Boa Vista.

Em 2022, a Ponte Princesa Isabel passou por um processo de requalificação que custou mais de R$ 10 milhões aos cofres municipais.

O serviço, que só foi concluído no segundo semestre de 2024, incluiu a recuperação do tabuleiro, do guarda-corpo, substituição de 90 aparelhos de apoio, recuperação das vigas e lajes, chegando a um total de 9.333,17 m2 de área recuperada e reforçada, dentre outras intervenções.

Estas obras tiveram impacto, principalmente, no percurso feito por pedestres e ciclistas, que utilizavam a calçada da ponte para se deslocar. Tapumes inseridos nesta parte da ponte por conta dos serviços impediram que a calçada fosse utilizada por meses, mostrando que a utilização destas estruturas vai além de veículos automotores.