Ciclista morre após cair em via e ser atropelada
Luciana Regina tinha 37 anos, era doutoranda em engenharia e trabalhava no TRT-6. Ela se desequilibrou e o condutor do veículo não teve tempo de desviar
MALU MENDES
MAREU ARAÚJO
Publicação: 28/02/2025 03:00
![]() | |
O acidente ocorreu ontem pela manhã. Quando o Samu chegou, ela já estava sem vida |
“Doce”. “Extraordinária”. “Mente brilhante”. Esses são só alguns dos adjetivos que amigos usaram para descrever a ciclista Luciana Regina Cajazeiras de Gusmão, de 37 anos, que morreu atropelada por um veículo ontem pela manhã na Ciclovia Graça Araújo, na Avenida Mário Melo, no Centro do Recife. De acordo com Thiago Sabino, outro ciclista que presenciou a tragédia, a vítima estava pedalando na ciclovia, mas acabou se desequilibrando e caindo na via onde circulam os automóveis.
Segundo ele, o motorista do carro não teve culpa, pois o acidente aconteceu de maneira muito rápida, e o condutor não teve tempo para desviar ou frear. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado para a ocorrência, mas, ao chegar ao local, a ciclista já estava sem vida.
Luciana era doutoranda em Engenharia Civil na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), chegou a ser laureada durante a graduação pela mesma instituição e trabalhava no Tribunal Regional do Trabalho (TRT-6). “Super gente boa e uma das mentes mais brilhantes que conheci”, publicou um ex-colega da turma de Engenharia Civil, nas redes sociais. “Foi até laureada da turma. Ela só ia de bike para faculdade”.
Em nota de pesar, o TRT-6 descreveu a servidora como uma “profissional exemplar”, que “exercia suas funções com muita competência”. Já o orientador de Luciana no doutorado, Igor Fernandes Gomes também lamentou a morte da aluna e declarou que os olhos dela “brilhavam sempre que nos reuníamos para falar de Engenharia, de seu trabalho e pesquisa”.
A Associação Metropolitana de Ciclistas do Grande Recife (Ameciclo) lamentou a morte de Luciana e fez uma crítica a Prefeitura do Recife e a Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) pela falta de infraestrutura segura para ciclistas na cidade.
OBRAS
A ciclovia onde ela caiu está parcialmente interditada por obras. Testemunhas relataram que ela caiu no leito viário ao cruzar com outro ciclista. Segundo a Ameciclo ela foi a sétima ciclista morta no trânsito do Recife em um curto intervalo de tempo”.
Ainda de acordo com a entidade, a ciclovia onde ocorreu o acidente nunca recebeu uma estrutura provisória de segurança, obrigando ciclistas a dividir um único lado da via para os dois sentidos. A Ameciclo também denunciou a ausência de fiscalização eletrônica e a precariedade da sinalização, e questionou o poder público de priorizar investimentos para a circulação de automóveis e não ciclistas.