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Sete vidas que a chuva levou embora
Vítimas morreram em queda de barreira, por choque elétrico e afogada pelas enxurradas, nos últimos dias, devido ao temporal na RMR
Carlos Lopes
Publicação: 07/02/2025 03:00
As chuvas que atingiram o Grande Recife nos últimos dias deixaram sete mortos. Houve óbitos por queda de barreira, afogamento e três eletrocutados. Três dessas vítimas são jovens, que saíram de casa para fazer tarefas rotineiras, como estudar ou comprar pão. Uma das jovens estava dormindo com a mãe. As duas morreram soterradas.
Conheça aqui histórias de dor, perda e muita saudade.
Juan Melo
Juan Pablo da Silva Melo, de 21 anos, acordou preocupado se teria ou não aula. A chuva que caíra forte durante toda a madrugada não dava trégua no início da manhã e a cidade estava debaixo d'água. Para não correr o risco de perder a viagem do Pina ao Derby, pegou o celular e entrou em contato com o seu professor. Sua aula de informática estava confirmada.
"O meu filho saiu de casa às 7h20 para ir ao curso", relembrou a mãe Eliene Maria da Silva, que recebeu, 40 minutos depois, uma ligação dele, relatando estar todo encharcado e a caminho da aula. Dez minutos depois, um novo contato. Juan estava em frente ao prédio onde teria aula, mas não conseguia atravessar a rua pelo volume de água.
Entendeu que dera viagem perdida. E quem dera fosse apenas a viagem. Ele tentou chegar à parada de ônibus na Agamenon Magalhães, pegando a rua Dom Bosco. E lá ficou, eletrocutado, com o corpo boiando na água.
"Foi descarga elétrica, ali tem um fiteiro antigo. Também tem essas paradas de ônibus novas no local, vazou a corrente", concluiu.
Myriam Vitória Amorim
O dia de Myriam, de 24 anos, não havia sido fácil. Como o de todo motociclista de aplicativo que precisou atravessar dezenas de ruas alagadas transportando pessoas ou mercadorias de um lado para outro numa cidade quase submersa.
No fim do expediente, trabalho cumprido, foi para o merecido descanso do lar, em Nossa Senhora do Ó, em Paulista. "Já havia comprado pão e ovos", lembrou, dolorosamente, a mãe, Vânia Amorim. "Foi passando pela calçada, aí de repente, não sei se ela encostou no poste, não sei se tem um fio no chão. Só sei que levou um choque, esse choque jogou ela longe. A rua estava alagada, a questão foi o choque", disse, em prantos.
Conceição e Nicole Melo
Os debates da comunidade do Passarinho faziam parte da rotina de Nicole, de 23 anos.
Seu irmão, Cícero, é diretor da associação dos moradores e a discussão sobre os problemas locais, que não são poucos numa região pobre, cercada por morros e com alto índice de violência, era algo que vinha de casa. Casa onde Cícero não estava na madrugada de ontem. Ele havia ido trabalhar num posto de gasolina. Nicole e sua mãe, Maria da Conceição, estavam dormindo.
O que tirava o sono de Nicole quando acordada, ironicamente, tiraria a sua vida. Uma barreira encharcada pelas chuvas do dia anterior não suportou o peso e despencou, soterrando a casa e os sonhos de uma vida melhor na sua comunidade. Ao contrário dos outros casos citados, ela não deixou uma mãe órfã. Maria da Conceição também foi vítima do desabamento. Caberá a Cícero carregar a dor das perdas.
Valdomiro Simões
Valdomiro Simões tinha 18 anos e voltava para casa na noite de quarta-feira após o dia de trabalho. Ele teria encostado em uma grade de uma casa abandonada perto de onde ele morava, no bairro de Jardim São Paulo, na Zona Oeste da cidade. O equipamento estaria vazando corrente elétrica e a descarga violenta tirou a vida de Valdomiro.
Em entrevista à TV Guararapes, a família de Valdomiro disse que ainda tentou reanimá-lo, mas ele e faleceu ao chegar a uma unidade de saúde.
"Uma fatalidade que poderia ter sido evitada. Infelizmente a gente tem que passar pelas águas para trabalhar", explicou a tia do jovem.
André Fernandes
Outra vítima é André Fernandes, de 43 anos. O corpo dele foi encontrado no Grande Recife. Ele desapareceu após ter saído de sua casa, no bairro da Várzea, Zona Oeste da capital pernambucana, para trabalhar no Centro de Camaragibe.
Segundo a família de André, foi a própria população que localizou o cadáver e acionou os bombeiros.
"O sentimento para toda a família é de uma perda muito grande, de que é inacreditável o que aconteceu", lamentou Eduardo Silva, 25, primo do trabalhador.
Ainda não identificado
A sétima vítima é um homem que morreu afogado na rua Lázaro Fontes, no bairro da Estância, no Recife.
Segundo testemunhas, a vítima teria sido arrastada pela enxurrada. O Corpo de Bombeiros confirmou o resgate de um corpo na região, mas o nome e a idade dele não foram revelados.
Conheça aqui histórias de dor, perda e muita saudade.
Juan Melo
Juan Pablo da Silva Melo, de 21 anos, acordou preocupado se teria ou não aula. A chuva que caíra forte durante toda a madrugada não dava trégua no início da manhã e a cidade estava debaixo d'água. Para não correr o risco de perder a viagem do Pina ao Derby, pegou o celular e entrou em contato com o seu professor. Sua aula de informática estava confirmada.
"O meu filho saiu de casa às 7h20 para ir ao curso", relembrou a mãe Eliene Maria da Silva, que recebeu, 40 minutos depois, uma ligação dele, relatando estar todo encharcado e a caminho da aula. Dez minutos depois, um novo contato. Juan estava em frente ao prédio onde teria aula, mas não conseguia atravessar a rua pelo volume de água.
Entendeu que dera viagem perdida. E quem dera fosse apenas a viagem. Ele tentou chegar à parada de ônibus na Agamenon Magalhães, pegando a rua Dom Bosco. E lá ficou, eletrocutado, com o corpo boiando na água.
"Foi descarga elétrica, ali tem um fiteiro antigo. Também tem essas paradas de ônibus novas no local, vazou a corrente", concluiu.
Myriam Vitória Amorim
O dia de Myriam, de 24 anos, não havia sido fácil. Como o de todo motociclista de aplicativo que precisou atravessar dezenas de ruas alagadas transportando pessoas ou mercadorias de um lado para outro numa cidade quase submersa.
No fim do expediente, trabalho cumprido, foi para o merecido descanso do lar, em Nossa Senhora do Ó, em Paulista. "Já havia comprado pão e ovos", lembrou, dolorosamente, a mãe, Vânia Amorim. "Foi passando pela calçada, aí de repente, não sei se ela encostou no poste, não sei se tem um fio no chão. Só sei que levou um choque, esse choque jogou ela longe. A rua estava alagada, a questão foi o choque", disse, em prantos.
Conceição e Nicole Melo
Os debates da comunidade do Passarinho faziam parte da rotina de Nicole, de 23 anos.
Seu irmão, Cícero, é diretor da associação dos moradores e a discussão sobre os problemas locais, que não são poucos numa região pobre, cercada por morros e com alto índice de violência, era algo que vinha de casa. Casa onde Cícero não estava na madrugada de ontem. Ele havia ido trabalhar num posto de gasolina. Nicole e sua mãe, Maria da Conceição, estavam dormindo.
O que tirava o sono de Nicole quando acordada, ironicamente, tiraria a sua vida. Uma barreira encharcada pelas chuvas do dia anterior não suportou o peso e despencou, soterrando a casa e os sonhos de uma vida melhor na sua comunidade. Ao contrário dos outros casos citados, ela não deixou uma mãe órfã. Maria da Conceição também foi vítima do desabamento. Caberá a Cícero carregar a dor das perdas.
Valdomiro Simões
Valdomiro Simões tinha 18 anos e voltava para casa na noite de quarta-feira após o dia de trabalho. Ele teria encostado em uma grade de uma casa abandonada perto de onde ele morava, no bairro de Jardim São Paulo, na Zona Oeste da cidade. O equipamento estaria vazando corrente elétrica e a descarga violenta tirou a vida de Valdomiro.
Em entrevista à TV Guararapes, a família de Valdomiro disse que ainda tentou reanimá-lo, mas ele e faleceu ao chegar a uma unidade de saúde.
"Uma fatalidade que poderia ter sido evitada. Infelizmente a gente tem que passar pelas águas para trabalhar", explicou a tia do jovem.
André Fernandes
Outra vítima é André Fernandes, de 43 anos. O corpo dele foi encontrado no Grande Recife. Ele desapareceu após ter saído de sua casa, no bairro da Várzea, Zona Oeste da capital pernambucana, para trabalhar no Centro de Camaragibe.
Segundo a família de André, foi a própria população que localizou o cadáver e acionou os bombeiros.
"O sentimento para toda a família é de uma perda muito grande, de que é inacreditável o que aconteceu", lamentou Eduardo Silva, 25, primo do trabalhador.
Ainda não identificado
A sétima vítima é um homem que morreu afogado na rua Lázaro Fontes, no bairro da Estância, no Recife.
Segundo testemunhas, a vítima teria sido arrastada pela enxurrada. O Corpo de Bombeiros confirmou o resgate de um corpo na região, mas o nome e a idade dele não foram revelados.
Saiba mais...
O risco de dormir ao lado de uma barreira