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Ginásio Pernambucano chega aos 200 anos ainda renovado
Patrimônio do estado, o colégio foi responsável pela formação de grandes nomes locais e nacionais
NICOLLE GOMES
Publicação: 10/03/2025 03:00
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O prédio histórico do GP fica às margens do Rio Capibaribe, mas o colégio passou por outro endereços em sua história |
O Ginásio Pernambucano é uma instituição que carrega com seu nome um peso de tradição e história que completa, no próximo dia 1° de setembro, seus 200 anos. O colégio de ensino médio da capital pernambucana é o mais antigo do país em atividade, e é símbolo de Pernambuco.
Tudo o que representa o Ginásio Pernambucano para o estado vai além da esfera educacional. A história da bicentenária instituição se entrelaça com a própria história pernambucana pelo o que construiu através da educação para o âmbito social, artístico e cultural.
INAUGURAÇÃO
O Ginásio Pernambucano foi fundado em 1° de setembro de 1825, e inaugurado pelo então presidente da província de Pernambuco, José Carlos Mayrinck da Silva Ferrão, como o Liceu Provincial. Inicialmente, funcionava num espaço do Convento do Carmo, e passou por muitos prédios por mais de 40 anos até ter uma sede própria, em 1866.
De acordo com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o GP funcionou Como Liceu, de 1844 a 1850, em um sobrado da rua Gervásio Pires; nos torreões da Alfândega; no primeiro andar da Companhia dos Operários Engajados; na casa das sessões do Juri; na rua da Praia e no Pátio do Paraíso. Em 1850, mudou-se para a rua do Hospício, para o prédio onde funcionou depois a Escola de Engenharia, permanecendo naquele local por 16 anos.
Em 14 de maio de 1855, uma Lei converte o Liceu Provincial de Pernambuco em um internato de educação pública, e de instrução secundária, sob o título de Ginásio Pernambucano. A pedra fundamental para o novo prédio, a ser construído na Rua da Aurora foi lançada em 14 de agosto de 1855.
DIREÇÃO
Seu primeiro diretor foi o frade beneditino Miguel do Sacramento Lopes Gama, mais tarde apelidado de Padre Carapuceiro. A instituição resiste ao tempo e todas as suas mudanças refletem também como a sociedade pernambucana evoluiu nestes quase 200 anos.
No governo de Alexandre José Barbosa Lima, através de um Decreto de 1º de janeiro de 1893, passou a chamar-se Instituto Benjamim Constant, fazendo-se a fusão do Ginásio com a Escola Normal, abolindo o internato e agregando vários cursos de caráter científico e profissional.
Em junho de 1899, o Instituto foi extinto, voltando o nome Ginásio Pernambucano que permaneceu até 1942, quando passou a ser o Colégio Pernambucano e depois Colégio Estadual. Voltou a ser denominado Ginásio Pernambucano pelo Decreto nº 3.432, de 31 de dezembro de 1974.
O significado do Ginásio é enorme desde os primeiros anos de seu funcionamento. Em 1859, o então Imperador, Dom Pedro II, visitou o espaço, ainda na Rua Gervásio Pires. O Ginásio foi tombado pelo Iphan, por sua importância cultural, em 1984.
Na década de 1990, o Ginásio Pernambucano foi da glória à ruína. Ao entrar em decadência, a escola foi fechada por conta das péssimas condições de infraestrutura. Foi quando um grupo de empresários - liderados pelo ex-aluno e então presidente da Philips do Brasil e América Latina, Marcos Magalhães - decidiu recuperar a estrutura física do prédio.
MUDANÇAS
Uma renovação na gestão da instituição foi iniciada. A escola também foi a primeira unidade educacional do sistema estadual a implementar o ensino integral, em 2004. Em 2020, o Ginásio Pernambucano foi transformado em uma Escola Técnica.
Berço do ensino pernambucano, o Ginásio Pernambucano formou grandes personalidades do nosso Estado, como os escritores Clarice Lispector e Ariano Suassuna, o economista Celso Furtado e o ex-presidente da República Epitácio Pessoa, além de Agamenon Magalhães ex-governador de Pernambuco, Assis Chateaubriand - jurista, jornalista, empresário; João Barbalho Uchôa Cavalcanti, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal; Joaquim Francisco, ex-governador de Pernambuco; e o escritor José Lins do Rego.
Atualmente, o prédio histórico continua na Rua da Aurora, às margens do Rio Capibaribe, no bairro de Santo Amaro, e conta com uma unidade secundária situada na Avenida Cruz Cabugá, também em Santo Amaro.
Certa vez, o então senador pernambucano, Marco Maciel, que também foi ex-presidente da República, falou sobre o Ginásio Pernambucano em um discurso na Casa Alta: “O Ginásio Pernambucano é uma instituição criada no Século XIX e que pode ser comparada - se assim posso me referi - ao Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, que, aliás, pelo seu nível de excelência, é uma instituição que foi alçada ao âmbito de tratamento constitucional. O Ginásio Pernambucano tem para nós, portanto, uma rica história. Seus lentes, seus professores, no passado, eram catedráticos, submetiam-se a concursos públicos semelhantes aos adotados pela Faculdade de Direito, daí por que juristas de nomeada lá se inscreveram para seus concursos, e alguns chegaram, inclusive, a um papel destacado no plano nacional”.