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Usina Petribu: um legado de inovação e tradição
A usina que, em 1909, fez a sua primeira moagem de cana sem uso de moendas de tração animal e com máquinas a vapor se mantém sempre atual
LARISSA AGUIAR
Publicação: 31/03/2025 03:00
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A usina está localizada onde, hoje, é o município de Lagoa de Itaenga, na Mata Norte |
Em uma época onde as transformações no campo econômico e social eram lentas e limitadas pelas condições locais, a história da Usina Petribu foi um exemplo de resiliência, inovação e contribuição significativa para o desenvolvimento de Pernambuco. Fundada no século XVIII, a usina carrega não apenas a memória de uma das primeiras iniciativas de industrialização do estado, mas também o espírito de pioneirismo que, ao longo dos séculos, transformou uma simples propriedade rural em um moderno produtor.
A história da Usina Petribu começa com Cristóvão Cavalcanti de Albuquerque, natural de Igarassu, que se mudaria para a margem do Rio Capibaribe com o intuito de estabelecer um novo engenho. A mudança para aquela região tinha o objetivo de dar continuidade à atividade que aprendera com seus pais: a produção de açúcar. Os indícios históricos apontam que ele foi guiado pelo reconhecimento da disponibilidade de terras férteis da proximidade com a água do Capibaribe.
O nome “PITRIBU”, originalmente escrito, derivado do idioma indígena Tupi-Guarani , e que significa “Nascente de Águas Claras”, foi dado ao local e ao próprio engenho, que ao longo do tempo ganharia notoriedade.
Ao longo dos anos, o nome foi se adaptando, até que, em 1911, um dos descendentes de Cristóvão, o Coronel João Cavalcanti de Albuquerque, adotou o sobrenome “Petribu”, reforçando a importância histórica e a força do nome. Porém, a verdadeira transformação da usina viria com o advento da Revolução Industrial e o crescente movimento de modernização das plantações de cana no Brasil. O Coronel João Cavalcanti de Albuquerque, consciente das mudanças que se aproximavam, decidiu modernizar o Engenho Petribu, colocando-o à frente da revolução tecnológica do setor agrícola.
Em 1909, a usina iniciou sua primeira safra com o uso de máquinas a vapor, adquiridas da Europa, abandonando o antigo processo de moenda movida por tração animal, que era a única opção para acionamento das moendas, antes. Foi com esse marco que a Petribu entrou para a categoria de usina, nome dado para os produtores de açúcar que passaram a operar com maquinário moderno, marcando o início de uma nova era.
INOVAÇÃO
Hoje, a Usina Petribu não é apenas uma referência histórica, mas também um marco da inovação tecnológica que permeou o setor sucroalcooleiro de Pernambuco. A usina foi um dos principais pilares que sustentou a economia de diversas famílias na região ao longo dos anos, oferecendo empregos e oportunidades, tanto nas áreas de cultivo de cana quanto no processo de industrialização do açúcar e bem estar social.
“Essa terra não nos pertence. A gente pertence à terra”, afirmam seus descendentes.
“A Petribu hoje não é só uma fábrica de alimentos. A Petribu é uma razão de existir de uma sociedade, é muito mais que uma empresa, é uma grande família. A Petribu foi iniciada em 1729 pelos meus antepassados. São várias gerações trabalhando aqui nessas terras e nesta região. É uma usina que começou com o engenho Petribu, conseguindo superar as dificuldades, as crises, as guerras, e estamos continuando sobrevivendo com muito trabalho, muita ética, seriedade, honestidade, cuidado com a natureza, cuidado com as pessoas. Isso é a nossa vida”, afirma Jorge Petribu.
Neste século, onde a tecnologia e as inovações continuam a moldar a sociedade, a Petribu permanece firme, como uma das instituições centenárias mais importantes do estado. Seu legado continua a inspirar novas gerações a buscar, assim como fez Cristóvão, o equilíbrio entre tradição e inovação, respeitando a história, mas também adaptando-se ao futuro.
“A Petribu tem a cadeia completa de produção. A gente escoa os nossos produtos para três mercados: o de varejo; da indústria, onde o açúcar entra como matéria-prima na produção de outros produtos; e o de exportação. O açúcar sai daqui, da Mata Norte de Pernambuco, para o mundo”, destaca Daniela Petribú Oriá, atual presidente da Usina Petribu.