DP+SOCIAL » O afeto especial para as crianças com autismo Neste Dia Mundial de Conscientização do Autismo, a AFETO é um exemplo do trabalho diário para que o diagnóstico de TEA não se torne uma sentença

Adelmo Lucena

Publicação: 02/04/2025 03:00

Na AFETO, crianças, e também pais, participam de várias atividades durante o ano (DIVULGAÇÃO/AFETO)
Na AFETO, crianças, e também pais, participam de várias atividades durante o ano
Celebrado hoje (2), o Dia Mundial da Conscientização do Autismo foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 2007, para ampliar o debate sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA). E com o objetivo de auxiliar as pessoas diagnosticadas com TEA a conquistar seu lugar na sociedade, a Associação de Famílias para o Bem-Estar e Tratamento da Pessoa com Autismo (AFETO) foi fundada, no Recife, em 13 de maio de 2005.

A associação surgiu por iniciativa de pais de crianças autistas que decidiram se unir para lutar pela causa e garantir direitos para seus filhos. “A instituição nasceu da necessidade de buscar atendimento para nossos filhos. Éramos um grupo pequeno de pais que não aceitava aquele discurso de: ‘não adianta fazer nada, não vai acontecer nada, ele sempre será assim’. A gente acreditava que havia uma saída e que, juntos, seríamos mais fortes”, explica a presidente da organização, Angela Lima.

APOIO
A AFETO completa 15 anos em maio, sendo uma instituição não governamental que não recebe apoio financeiro de nenhum governo, contando apenas com doações para a manutenção dos serviços e dos profissionais. Além disso, a entidade não possui fins lucrativos, e todo o valor arrecadado é utilizado para o pagamento dos profissionais que prestam serviço e para a manutenção da infraestrutura.

A AFETO levou anos para formar uma equipe de profissionais multidisciplinares capacitados para atender crianças com TEA. Hoje, a organização disponibiliza um serviço de intervenção especializado, mas possui vagas limitadas para garantir um acompanhamento mais próximo e cuidadoso dos pacientes.

Os profissionais que integram o quadro da instituição possuem formação e experiência no atendimento de pessoas com autismo. Ao todo, são 16 estagiários, dois cuidadores, dois agentes administrativos e 40 terapeutas, entre eles doutores em análise do comportamento, psicólogos, psicopedagogos, pedagogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e fisioterapeutas.

“A gente veio com a proposta de que o médico precisa entender, pensar e planejar junto com o terapeuta para que essa criança realmente evoluísse. E para fazer isso, assisti a um seminário que dizia que a melhor forma de disseminar conhecimento é por meio de seminários e congressos bem organizados. Então, trouxe essa ideia para cá”, detalha a presidente da AFETO.

FAMILIARES

Além de proporcionar tratamento e um cuidado especializado para crianças diagnosticadas com autismo, a AFETO acolhe os pais e responsáveis, garantindo mais qualidade de vida e disseminando conhecimento sobre o transtorno para profissionais e famílias.

A instituição também se faz presente na luta pela causa, participando de assembleias legislativas que debatem a pauta, da Conferência Nacional de Saúde, do Conselho Nacional de Saúde e da Associação Brasileira de Autismo (ABRA). Além disso, atua na campanha de inclusão da pessoa com autismo no mercado de trabalho junto ao Ministério do Trabalho e na elaboração da cartilha sobre Transtorno do Espectro Autista da Assembleia Legislativa de Pernambuco.

A AFETO ainda se destaca ao oferecer consultoria para a EBSERH sobre o tratamento da pessoa com autismo, palestras gratuitas para professores da rede pública e atendimento isento de mensalidade para uma porcentagem dos atendidos. “A população já está entendendo que tem o direito de ir para a rua e pedir ajuda. Mas, se ficar em casa, não vai ter. Então, atingimos a nossa meta. Agora, começamos a lutar pela ampliação do atendimento. Hoje, nosso serviço é limitado, atendendo apenas 38 pessoas, entre 2 e 28 anos”, conclui a presidente Angela Lima.