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Da presença britânica, nasceu um oásis
O The British Country Club completa, em 2025, seus 105 anos de história, sendo ainda um dos poucos clubes sociais em funcionamento
LARISSA AGUIAR
Publicação: 26/05/2025 03:00
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O espaços verdes que são possíveis de encontrar desde a entrada do Country são uma das marcas do clube que continua fincado no bairro dos Aflitos |
Por mais de um século, um oásis de tradição se mantém firme no coração do Recife. O The British Country Club (TBCC), fundado em 1920 por seis britânicos que aqui encontraram lar e oportunidades, celebra em 2025 seus 105 anos de história como um dos mais respeitados clubes sociais da cidade. Entre palmeiras, quadras e memórias, o clube permanece como um espaço de convivência que atravessa gerações, mantendo viva a essência de seus fundadores, mesmo em um Recife cada vez mais moderno e verticalizado.
Localizado na movimentada Avenida Rosa e Silva, no bairro dos Aflitos, o clube ocupa três hectares de área verde e estrutura de lazer. Mas mais que um espaço físico, o Country é um capítulo vivo da história da capital pernambucana, onde passado e presente se encontram em harmonia. Criado para ser ponto de encontro da influente colônia britânica que então florescia no Recife, o clube também se tornou, com o tempo, um espelho das transformações culturais e sociais da cidade.
A origem do clube remonta a um momento de forte presença inglesa no Brasil. Trabalhavam aqui profissionais das grandes empresas britânicas — como a Western Telegraph Company, a Pernambuco Tramways and Power Company e o Bank of London and South America — que trouxeram consigo não apenas tecnologia e capital, mas também valores, hábitos e tradições que moldaram parte do cotidiano local.
Foi com esse espírito que nasceu o The British Country Club: um espaço para a prática dos esportes britânicos — futebol, críquete, tênis, boliche, sinuca — e para a vivência de costumes que exaltavam pontualidade, disciplina e sobriedade. O clube não tardou a se tornar referência de elegância e boas maneiras, influenciando inclusive o modo de vestir, de comer e de socializar dos recifenses.
MUDANÇA
Com o fim da Segunda Guerra Mundial e o esvaziamento gradual da colônia britânica no Recife, sobretudo a partir da década de 1950, o TBCC passou a ser conduzido por brasileiros. Mas o ideário britânico não foi abandonado. Ao contrário: foi respeitosamente preservado por sucessivas diretorias e pelos próprios associados, como um pacto de honra com os fundadores.
“A história dos ingleses em Pernambuco se confunde com a história deste clube”, afirma o atual presidente do TBCC, Claudio Godoy. “Manter esse legado vivo é um dever de todos nós.”
Hoje, o Country conta com cerca de 1.100 sócios pagantes e oferece uma infraestrutura completa: quadras para esportes diversos, piscina aquecida, academia, salão de sinuca inglesa, restaurantes e espaços para festas. Entre os eventos mais aguardados do calendário estão os torneios esportivos, os encontros culturais, o tradicional São João e a animada festa de Réveillon.
Embora muito tenha mudado desde os tempos dos fundadores, a essência do clube permanece: ser um espaço onde o tempo parece desacelerar. “A convivência entre os sócios é o que faz esse clube ser diferente”, diz Godoy. “Aqui, o prazer está na partilha, no reencontro com amigos.”
Não por acaso, o clube hoje é considerado um dos últimos redutos de tranquilidade em uma zona cada vez mais urbanizada. Cercado por edifícios e avenidas movimentadas, ele é descrito pelos frequentadores como um “oásis” no meio do bairro dos Aflitos.