Neste segundo domingo de maio, o Dia das Mães é celebrado com flores, almoços em família e homenagens. Mas, longe dos comerciais de TV e propagandas, há mães que transformaram a maternidade em trincheira. Mulheres que enfrentam o sistema em prol de uma causa, e o preconceito e o silêncio em nome dos filhos

Esse é o caso de Mirtes Renata Santana de Souza, mãe do menino Miguel Otávio Santana da Silva, que morreu ao cair do 9º andar de um prédio no Recife em 2020, enquanto estava sob a responsabilidade da patroa, Sarí Corte Real. Ela conta que decidiu cursar Direito após ficar insatisfeita com o andamento do processo na Justiça.

A ex-patroa foi condenada a oito anos e seis meses de prisão por deixar o menino Miguel sozinho no elevador e apertar o botão da cobertura. Posteriormente, em novembro de 2023, a pena foi reduzida para sete anos, e o processo segue parado, aguardando o julgamento de um recurso. “Eu comecei a militar não só pelo meu filho, mas por outras crianças também que, infelizmente, partiram e não obtiveram Justiça”, destaca Mirtes.

FILHOS
Já a presidente do Instituto Transviver, no bairro da Boa Vista, Regina Guimarães, é uma aliada da população LGBTQUIAP+ e hoje conta com cerca de 500 “filhos de coração”. Ela relata que, depois que o filho, o ator e bailarino Juan Guimarães, decidiu assumir a sexualidade, passou a conhecer melhor essa parcela da população e descobriu uma realidade em que muitos jovens eram expulsos de casa e obrigados a trabalhar com cerca de 15 anos.

“Quando eu vim ver essa parte da comunidade eu percebi que ela forma praticamente 80% da população LGBT. Então eu vi a necessidade de fazer alguma coisa para essas pessoas e dar dignidade, conhecimento e empregabilidade. Falando com meu filho eu decidi fazer o instituto e comecei acolhendo pessoas trans”, conta.