Ato marca cinco anos da morte de Miguel
Em meio aos pedidos por justiça, movimentos sociais, amigos e familiares de Mirtes participaram do evento em frente às Torres Gêmeas
NICOLLE GOMES
Publicação: 03/06/2025 03:00
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Mirtes comandou o ato em frente aos edifícios, no Recife, e a caminhada até o TJPE |
Exatos cinco anos após o trágico fim da vida de Miguel Otávio, que morreu ao cair de uma das Torres Gêmeas do Recife, no bairro de São José, um ato popular em pedido de justiça marcou o dia de ontem (2). A manifestação foi liderada pela mãe do pequeno, Mirtes Renata Santana de Souza, em frente ao local onde perdeu o filho, em 2 de junho de 2020. Por volta das 15h, em frente aos famosos edifícios no centro do Recife, ela iniciou a mobilização.
“É um dia muito triste porque (estou) há 5 anos sem meu filho. Hoje eu estou aqui no local em que ocorreu o crime e o local onde a criminosa mora, para marcar essa data. Os cinco anos sem Miguel, os cinco anos da partida dele e cinco anos sem justiça. A mulher que cometeu um crime contra meu filho está aí em cima vivendo a vida dela como se ela tivesse acontecido”, comentou Mirtes, se referindo a Sari Corte Real, condenada pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco pela morte de Miguel.
CELERIDADE
“Hoje a gente está aqui não só para marcar os 5 anos da passagem de Miguel, mas também cobrar do Tribunal celeridade com relação ao caso dele. Mais de 1 ano da sentença que acabou reduzindo a pena dela. Por conta de diversas intercorrências o processo passou um bom tempo parado, sem andamento nenhum”, disse. Mirtes cobrou a prisão de Sari, que foi condenada, em 2022, a oito anos e seis meses de prisão, por ter deixado Miguel sozinho no elevador.
Em novembro de 2023, a pena foi reduzida para sete anos, após ela ter recorrido da decisão. Sari continua em liberdade, após recorrer novamente na Justiça.Para Mirtes, a demora dos processos do caso está diretamente ligada ao fato de Miguel era uma criança negra e sem grandes condições monetárias, além do enfrentamento de uma família influente no Estado.
LUTO
Com o luto pela perda do filho atravessado pela necessidade de buscar por justiça, Mirtes explicou a dificuldade que é continuar atrás das respostas, e disse que só conseguirá processar a perda quando tudo acabar. “Hoje, eu digo que eu tenho um uma casquinha bem fininha no meu peito, com relação a partida do meu filho. eu preciso que isso se acabe. E eu preciso que seja feita a justiça pela morte do meu filho, para eu poder viver o luto, porque eu não vivi o luto”, falou emocionada.
Mirtes explicou que também pretende lutar pelo aumento da pena. “A gente vem pedindo para que seja aumentada a pena para 12 anos. É o que a gente colocou nos nossos embargos de declaração”, disse. A manifestação seguiu para a frente do prédio do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), onde foi encerrada o início da noite.
Já a advogada de Mirtes, Marília Falcão, falou sobre a etapa na qual o processo se encontra. “Juntamos uma petição enviada ao Ministério Público. Esperamos que a resposta seja no sentido da justa responsabilização criminal. Afinal são cinco anos de espera”, explicou. O Ministério Público de Pernambuco tem até 10 de junho para avaliar os recursos e comunicar oficialmente se concorda ou não com a sentença proferida pelo TJPE contra Sari.
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TJPE informa o estágio do processo