INSTITUIçõES CENTENáRIAS DE PE » As impressões de toda uma população O Instituto de Identificação Tavares Buril foi criado em 1909 e, desde então, vem se tornando essencial para o estado por suas atribuições

LARISSA AGUIAR

Publicação: 21/07/2025 03:00

Em 1998, o órgão ganhou um novo nome em homenagem ao seu gestor mais longevo (Divulgação)
Em 1998, o órgão ganhou um novo nome em homenagem ao seu gestor mais longevo

Criado em 1909, ainda com o nome de Gabinete de Identificação e Estatística Criminal de Pernambuco, o atual Instituto de Identificação Tavares Buril (IITB) não apenas acompanhou a história do Estado: ele a registrou em cada impressão digital, em cada retrato falado, em cada documento emitido. Em mais de um século de existência, tornou-se um dos pilares da segurança pública e da cidadania em Pernambuco, sendo responsável pela identificação civil e criminal.

No início do século XX, Pernambuco foi um dos primeiros estados brasileiros a adotar o sistema datiloscópico de identificação, desenvolvido pelo argentino Juan Vucetich. À época, tratava-se de uma verdadeira revolução: as impressões digitais substituíam os antigos métodos rudimentares de reconhecimento, abrindo caminho para uma abordagem científica e precisa da identificação humana. Nascia assim o embrião do que viria a ser o IITB — um centro de excelência na produção de provas de identidade, com aplicação em áreas civis e criminais.

O reconhecimento formal viria décadas depois, em 1947, com a promulgação do Ato 1649, que regulamentou suas funções. O documento consolidou a atuação do então Gabinete de Identificação como órgão essencial à Justiça, responsável pela identificação de indivíduos, pelo reconhecimento de cadáveres, emissão de certidões de antecedentes criminais e realização de perícias.

Em 1974, o Gabinete de Identificação ganhou novo nome: Instituto de Identificação de Pernambuco. Era uma tentativa de refletir a abrangência cada vez maior de suas funções. Pouco depois, começaria a gestão mais longa de sua história: a de João Tavares Pires Buril que, por 26 anos, esteve à frente do Instituto e foi responsável por um profundo processo de estruturação e modernização.

Sob sua liderança, o Instituto ampliou sua capacidade técnica, investiu na formação de especialistas e valorizou o papel da ciência pericial dentro da segurança pública. Em 1998, o nome do órgão foi alterado para Instituto Tavares Buril.

A virada para o século XXI marcou um novo capítulo na história. A digitalização dos acervos datiloscópicos e a adoção de sistemas informatizados transformaram a rotina do órgão. Hoje, o cruzamento de dados biométricos permite acelerar processos de investigação, identificar suspeitos com precisão e emitir documentos de forma mais segura.

Essas inovações foram colocadas à prova em situações extremas. Em tragédias como as enchentes de 2022 e os acidentes aéreos da NoAr e do voo Air France 447, foi a perícia papiloscópica do IITB que garantiu a identificação rápida e precisa das vítimas. 

“Acreditamos que o futuro da identificação humana está na integração de tecnologias, no fortalecimento de parcerias e, sobretudo, no olhar sensível para a população”, afirma Ivoneide Constantino, perita papiloscopista e gerente do setor Criminal do IITB.