Prédio do Americano Batista é ocupado A área, que foi desapropriada pelo governo do estado em 2023, foi ocupada por cerca de 200 pessoas do Movimento Moradia Digna

LARISSA AGUIAR

Publicação: 05/08/2025 03:00


Cerca de 200 pessoas do Movimento Moradia Digna ocuparam, na manhã de ontem, o prédio público do Colégio Americano Batista, na área central do Recife. Segundo os organizadores, o número de ocupantes pode chegar a 500 nos próximos dias. As aulas na área da instituição privada seguiu com suas aulas normalmente. 

A maioria dos manifestantes é do município de Paulista, com integrantes também de Olinda e Jaboatão dos Guararapes. O grupo reivindica o direito à moradia e exige diálogo com o governo do estado, que desapropriou o imóvel em 2023 por R$ 80 milhões para abrigar um complexo da rede pública de ensino.

“Já estamos fazendo divisões das salas, para cada família saber onde vai ficar. Esse espaço está há muito tempo desocupado, enquanto o povo clama por moradia”, afirmou Pedro Salviano, representante do Movimento Moradia Digna. Ele relata que todos os ocupantes estão inscritos no Cadastro Único e aguardam resposta das autoridades. 

“Queremos negociar com a governadora. Só saímos daqui quando nossas pautas forem resolvidas”, declarou. O terreno, desapropriado em fevereiro de 2023 por meio de decreto da governadora Raquel Lyra (PSDB), estava prestes a ser leiloado.  Segundo o governo estadual, a área foi declarada de interesse público para a criação de um complexo escolar, com o objetivo de preservar a função educativa do espaço. 

Entre os ocupantes está Paulo Sérgio, morador de Paulista, que afirma estar há mais de seis anos cadastrado em programas de habitação. “Já participamos de reuniões em Olinda, Paulista e Jaboatão. Nunca tivemos retorno”, desabafa.

REIVINDICAÇÕES
Com 81 anos, Noemi Roque também veio de Paulista. Ela relata uma longa espera por moradia e uma rotina de dificuldades. “Há mais de dez anos estou inscrita e nada. Vivo com um salário mínimo, pagando aluguel, passando fome”.

O movimento afirma que a ocupação é pacífica e que pretende permanecer no imóvel até que haja uma resposta concreta da gestão. 

Em nota o governo de Pernambuco, por meio da Secretaria de  Habitação, falou sobre a ocupação e disse que os envolvidos “não formalizaram nenhum pedido ao estado e nem estavam cadastrados nos projetos habitacionais do governo”.

Ainda de acordo com a pasta, o líder do movimento, apresentou à Companhia Estadual de Habitação (Cehab) quatro pautas, das quais, uma não seria da alçada do estado. Outra se referia à concessão de auxílio-moradia para ex-moradores de prédios-caixão e que, diz a secretaria, ou já foram concedidos ou estão em fase de análise.

Outra reivindicação seria a a concessão do mesmo auxílio para as famílias envolvidas na ocupação do Americano Batista e, segundo a nota, “não há registro anterior de solicitação ou cadastro em programas, tampouco lei autorizativa para respaldar tal pagamento”.

Por fim, a Secretaria de Habitação diz a pauta também incluiu uma reivindicação relacionada ao Terreno na Mirueira (Paulista) - sem fornecer maiores detalhes.  A nota diz que apenas que a área é de interesse para projetos de Parceria Público-Privada e que a demanda por inclusão no programa Minha Casa, Minha Vida está sendo considerada no planejamento.