A queridinha da América A atriz Shirley Temple morre aos 85 anos, mas será sempre lembrada como a primeira estrela mirim de Hollywood

Yale Gontijo
edviver.pe@dabr.com.br

Publicação: 12/02/2014 03:00

Atuações de Shirley Temple renderamrios de dinheiro para os produtores (AFP PHOTO / HO)
Atuações de Shirley Temple renderamrios de dinheiro para os produtores

Com a morte da atriz, cantora e dançarina norte-americana Shirley Temple, aos 85 anos, Hollywood perde um de seus grandes ícones do primeiro período do cinema falado. Anunciado ontem, o óbito da atriz foi classificado como resultante de causas naturais e rendeu homenagens póstumas na internet e pelas ruas de Los Angeles. Shirley nasceu em 23 de abril de 1928, em Santa Mônica, Califórnia, foi filha única de um banqueiro (George Francis Temple) e de uma dona de casa (Gertrude Krieger). A mãe era obcecada por música e dança e matriculou a filha quando tinha apenas três anos em cursos de arte. O bebê prodígio foi descoberto por produtores de filmes paródicos reencenados com atores infantis conhecidos pelo gênero Babies Burlesks. Em Runt page (1932), Shirley “atuava” com colegas igualmente em idade maternal.

O rostinho angelical da atriz mirim serviu como elemento de escapismo durante os anos da depressão que se seguiram à Quebra da Bolsa de Nova York, em 1929, e a crescente crise econômica. Shirley era encantadora intérprete que cantava e executava números de sapateado. A atriz foi creditada como cantora em cerca de 60 produções, entre 1932 e 1961. Mas será eternamente lembrada em cenas comoventes ou alegres em filmes hoje encontrados na íntegra no YouTube. Os filmes rendiam rios de dinheiro para os produtores, com registros de picos de bilheterias maiores que astros consagrados como Clark Gable.

Shirley foi envolvida pelo star system hollywoodiano embaixo do termo America’s sweetheart (a queridinha da América). Antes de completar sete anos, havia recebido o Oscar Baby, uma estatueta menor que a estatueta normal ofertada aos atores-mirins que não concorriam nas categorias adultas. No palco da cerimônia, a pequena Shirley agiu como uma criança da sua idade. “Muito obrigada, senhor!”, agradeceu. “Mamãe, podemos ir para casa agora?”, perguntou. Vários produtos foram fabricados levando seu nome no rótulo: cereais matutinos, uma linha de roupas infantis e vários discos da pequena cantora.

Depois de um hiato na carreira, um período em que a multiatista pôde finalmente frequentar uma escola secundária e recuperar o tempo suficiente para sair da infância, Shirley reapareceu adolescente em uma série de filmes. Entre eles, Marcada pela calúnia, de 1947, quando dividiu as telas com o futuro presidente dos Estados Unidos, à época ator, Ronald Reagan. Mas algo em Shirley havia mudado e aos 22 anos decidiu abandonar os estúdios cinematográficos para se dedicar inteiramente ao papel de mãe e ao casamento com Charles Alden Black. “Cansei de fingir”, disse.

Curiosidades

Shirley Temple estrelou mais de 40 filmes, a maioria deles antes de completar 12 anos. Aposentou-se na década de 1940, quando passou a se dedicar à carreira diplomática,  por indicação do presidente Richard Nixon, atuando como embaixadora em Gana e Tchecoslováquia.

Ainda adolescente, aos 17 anos, casou-se com John Agard, de quem se divorciou em 1948. Do empresário Charlie Black, segundo esposo, adotou o sobrenome. Os dois ficaram juntos até a morte dele, em 2005.

O que poderia ser o papel de sua vida escapou de suas mãos quando, em 1939, a Twentieth Century Fox se recusou a cedê-la para o filme O mágico de Oz, produzido pela Metro Goldwyn Mayer, que acabou oferecendo o papel de Dorothy a Judy Garland.

Nos anos 1970, uma série de bonecas inspiradas nela foram lançadas no mercado. As miniaturas da atriz apresentavam meias três quartos e os indefectíveis cabelos cacheados e podiam ser adquiridas em vários modelos e tamanhos.

Shirley Temple  se tornou uma das primeiras porta-vozes da luta contra o câncer de mama, após ser diagnosticada com a doença, em 1972, e se curar.

Em 2006, a veterana foi homenageada durante a cerimônia do Screen Awards Guild (SAGs), ofertado pela Associação de atores da indústria. O troféu Ator reúne as realizações do conjunto da obra (Life Achievement Award).

Shirley Temple  passou os últimos anos da vida de forma tranquila, em uma casa na Califórnia. Segundo a família, morreu rodeada pelos filhos, netos e bisnetos.

Filmes

1934
Olhos encantadores
Alegria de viver

1935
A pequena órfã

1936
Pobre menina rica

1937
Heidi

1939
A pequena princesa

1947
Marcada pela calúnia