Irlam Rocha Lima
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Publicação: 19/11/2014 03:00
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Artista celebra 40 anos de carreira artística, marcada por sua mudança deMaceió para o Rio de Janeiro |
Cantor, compositor, arranjador, produtor, dono de gravadora e editora. Todas funções exercidas por Djavan Caetano Viana, hoje consagrado artista brasileiro. Há 40 anos, quando migrou de Maceió para o Rio de Janeiro, a ambição era sobreviver da música e sustentar a família (mulher e dois filhos). À época, não era algo fácil para o crooner da boate Number One, em Ipanema, Zona Sul carioca. A situação começou a melhorar em 1975, quando se classificou em segundo lugar no Festival Abertura, da TV Globo com Fato consumado. A canção foi registrada no LP de estreia, A voz, o violão, a música de Djavan, lançado no ano seguinte com a música Flor de lis, outro futuro clássico.
O disco, o único pela Som Livre, está lado a lado de três com a chancela da EMI e 14 gravados pela Sony Music. Entre os 20 títulos, há dois de raridades, um deles em inglês e espanhol — num total de 236 canções. Todos reunidos na Caixa Djavan, com a obra completa e livreto de 200 páginas com informações detalhadas, fichas técnicas e fotos raras originais. Ao avaliá-lo, ele revela: “Depois de tudo isso, tem-se a impressão de que se justifica dedicar uma vida à música na qual, como um ator, se pode ser outros como eu sempre sonhei”.
O reconhecimento do trabalho de Djavan demorou. “O primeiro disco não repercutiu e, para me manter, continuei cantando em boate e sem poder mostrar minha composições. Flor de lis só veio a tocar nas rádios um ano depois. As pessoas começaram a me conhecer a partir dos discos lançados pela EMI — Djavan, Alumbramento e Seduzir — , que sedimentaram meu nome e depois que tive músicas gravadas por Nana Caymmi (Meu bem querer), Maria Bethânia (Álibi), Gal Costa (Faltando um pedaço) e Roberto Carlos (A ilha)”.
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A VOZ, O VIOLÃO, A MÚSICA DE DJAVAN (1976) |
Com músicas como Açaí, Capim, Pétala e Samurai, vendeu 500 mil cópias e transformou Djavan num artista popular. O número só viria a ser superado quase duas décadas depois pelo álbum duplo Djavan ao vivo, com os maiores hits do astro e mais de 2 milhões de exemplares comercializados. Ele sempre participou da gravação dos discos - o que se acentuou após criar o próprio selo. “Controlar aquilo que vou levar ao público é algo de que não abro mão”.
A inclusão das músicas em novelas agradou o artista. “A primeira foi Meu bem querer. Mas a mais lembrada é Oceano (em Top model, de 1989). Havia composto uma parte cantando em espanhol e deixei guardada. Aí, alertado por minha filha, voltei a ela”, conta. A caixa levou um ano. E Djavan já tem novos projetos: “Devo entrar em estúdio para iniciar as gravações em fevereiro de 2015”.
Confira
Cinco discos do cantor relançados na coletânea
A voz, o violão, a música de Djavan (1976)DJAVAN (1978)
Flor de lis é momento de grande inspiração do compositor, que, mesmo se intitular sambista, criou um clássico inequívoco para o gênero e fez deste primeiro disco uma estrela das mais promissoras.
Djavan (1978)
Elis Regina, Maria Bethânia e Nana Caymmi gravaram músicas do segundo álbum. Passa a ser visto como fonte de obras-primas para intérpretes. Ele traz a sonoridade africana e a temática indígena.
Luz (1982)
Vários hits: Samurai, Capim, Sina, Pétala e Açaí estão no trabalho gravado nos EUA com produção de Ronnie Foster e participação de Stevie Wonder. Elogiado por Quincy Jones, é um dos preferidos dos fãs do artista.
Djavan (1989)
Um dos maiores sucessos do hitmaker, Oceano — com violão do espanhol Paco de Lucía — fez com que o álbum ficasse conhecido como “o disco de Oceano”. Mas o compositor destilou romantismo e dor de cotovelo em Cigano, Mal de mim e Você bem sabe (choro jazzístico com letra de Nelson Motta).
Coisa de acender (1992)
Boa noite, Se… e Linha do Equador, sucessos da MPB dos anos 1990, estão no disco. Autor solitário da maior parte do repertório, mostra que é bom em parcerias: Caetano Veloso, Orlando Morais e Arthur Maia aparecem.
Serviço
Caixa Djavan
Lançamento da Sony Music com 20 CDs, que reúne 236 canções, um livreto de 200 páginas e fotos raras do acervo do artista. Preço médio R$ 390.