Os pequenos alçam voo Temporada de premiações de Hollywood deve ser dominada por filmes independentes, que lideram em número de indicações

Yale Gontijo
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Publicação: 05/01/2015 03:00

Birdman, de Alejandro González, tem 74 indicações (FOX FILMES/DIVULGAÇÃO)
Birdman, de Alejandro González, tem 74 indicações

Ao se analisar com calma os indicados deste início da temporada de premiações de Hollywood, uma conclusão é evidente: há um inegável avanço de produtoras menores, que aparecem com destaque nas listas pré-Oscar. Mesmo que nem todas as cerimônias que antecedem o prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas tenham indicado os concorrentes, é possível notar um movimento de valorização de filmes feitos fora dos esquemão de blockbusters.

O SAG (da Associação de Atores de Hollywood) e o Globo de Ouro (concedido pela Associação de Imprensa Estrangeira) revelaram quem disputará as estatuetas — premiações locais e menos expressivas também já divulgaram suas listas de melhores filmes. Os dois títulos a receber o maior número de indicações foram produzidos pelos próprios cineastas. Birdman, de Alejandro González Iñarritu, e Boyhood, de Richard Linklater, não têm nomes de grandes companhias da indústria envolvidos na realização. Mesmo assim, os longas acumularam 74 e 62 indicações, respectivamente.

Os números, que já são potentes, devem aumentar quando a Associação de Roteiristas e a Associação dos Diretores e Produtores anunciarem os indicados. É o caso também de Selma, produção modesta da Plan B (do ator Brad Pitt), e Foxcatcher — Uma história que chocou o mundo, finalistas na categoria drama.

O primeiro narra a trajetória do líder negro Martin Luther King e foi esnobado no SAGs (o prêmio da Associação de Atores de Hollywood). Parece ter encontrado conforto no Independent Spirit Awards, premiação do cinema indie, concorrendo como melhor filme, diretor (Ava DuVernay), fotografia, ator (David Oyelowo) e coajuvante (Carmen Ejogo). A Plan B venceu o Oscar de melhor filme no ano passado com 12 anos de escravidão, fato que talvez o prejudique na corrida.

Já Foxcatcher — Uma história que chocou o mundo traz o ator conhecido pelos papéis de humor, Steven Carrel, como um técnico de luta livre tentando formar equipe para as Olimpíadas de Seul (1988), papel dramático para o qual foi indicado nos Golden Globe.
A mesma origem independente é partilhada pela produção nanica Pride, que entrou na lista final dos filmes de comédia ou musical do Globo de Ouro. O mote é o envolvimento de ativistas LGBT numa greve de mineiros na Inglaterra. A película rendeu apenas US$ 7 milhões nas bilheterias.

Já A teoria de tudo se enquadra na predileção da Academia por cinebiografias de figuras que venceram na vida apesar das adversidades. A trajetória do físico Stephen Hawking é descortinada desde antes da aparição dos sintomas da Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), que o deixou quase sem movimentos.

Apesar de terem encolhido em influência este ano, os produtores Harvey e Bob Weinstein, da Weinstein Company, emplacaram um título em cada categoria do Globo de Ouro. É sempre prudente não ignorar o lobby dos irmãos mais temidos da indústria. Portanto, a comédia Um santo vizinho (Theodore Melfi) e o drama Jogo da imitação (Morten Tyldum) ainda podem surpreender. Os indicados ao Oscar serão conhecidos em 15 de janeiro.

Matemática

DRAMA

Boyhood (estreou no Brasil)
62 indicações

Foxcatcher — Uma história
que chocou o mundo
(22 de janeiro)
13 indicações

O jogo da imitação (29 de janeiro)
48 indicações

Selma (sem previsão)
54 indicações

A teoria de tudo (22 de janeiro)
39 indicações

COMÉDIA OU MUSICAL

Birdman (22 de janeiro)
74 indicações

O grande hotel Budapeste (Estreou no Brasil)
60 indicações

Caminhos da floresta
(29 de janeiro)
20 indicações

Pride (sem previsão)
4 indicações

Um santo vizinho
(5 de fevereiro)
7 indicações