GABRIEL DE SÁ
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Publicação: 21/06/2015 03:00
“O filme a seguir é baseado em artes, músicas, diários, imagens em Super 8 e montagens de áudio cedidos pela família de Kurt Cobain.” A frase aparece no início de Montage of heck, documentário em cartaz (consultar roteiro na página E10) no país sobre a vida do líder da banda Nirvana, uma das mais importantes da cena roqueira norte-americana dos anos 1990. O maior trunfo do documentário da HBO é se utilizar de imagens raras - raríssimas e inéditas, em grande parte - para recriar a saga de Cobain, morto em 1994, aos 27 anos, em um suicídio. A profundidade da narrativa e o vasto acervo levantado pela produção fizeram logo com que o documentário, dirigido Brett Morgen, fosse tido como o definitivo sobre a conturbada trajetória de Kurt Cobain.
A revista Rolling Stone, especializada em rock e cultura pop, destacou em uma crítica o nível de intimidade que o longa cria entre o espectador e o mito. Intimidade que, aliás, nunca foi problema para o cantor e compositor. Kurt, autor de clássicos, como Come as you are e About a girl, marcou toda uma geração pela forma como se despiu nas canções. Era avesso à mídia, entretanto.
Com filmagens da infância em família, cenas de bastidores, depoimentos de familiares e amigos próximos e animações criadas para ilustrar passagens narradas em off muitas vezes pelo próprio artista, Montage of heck é uma viagem criativa pelo interior do vocalista do Nirvana. Um dos motivos para que a película contasse com um acervo tão particular tem explicação: Frances Bean Cobain, filha de Kurt com Courtney Love, atua como produtora executiva do filme.
Fim trágico
Kurt Cobain se matou em 5 de abril de 1994. Ao longo do filme, é possível mergulhar na personalidade obscura do artista nascido na pequena Aberdeen, em Washington. Os pais, Wendy e Don, que aparecem em depoimentos marcantes, se separaram quando o garoto tinha 9 anos. A vida em família sempre foi conturbada, e Cobain, que exibia péssimo comportamento por onde passava, acabou tendo que morar em diversos lugares. O nível de intimidade exposto no filme é tanto que são exibidas fartas cenas de Kurt e a esposa, Coutney, drogados em casa. A vida, sempre no limite, como mostra o filme, é condizente com o final trágico que o artista a impôs.