CURIOSAMENTE » A recifense que seria imperatriz da Rússia Casada com o herdeiro do trono, Dorrit Romanov seria coroada caso o país voltasse à monarquia

TÉRCIO AMARAL
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Publicação: 05/07/2015 03:00

Beber com estranhos na rua, mesmo que um legítimo Champagne, nunca esteve no script da recifense Dorrit Romanov, 73. Foi assim que a descendente da tradicional família dinamarquesa Reventlow comemorou seu ingresso à realeza europeia. Pode parecer excêntrico para uma princesa, mas não foi. Os desconhecidos eram “súditos”, que apareciam aos montes, em frente à catedral da fria Kostroma, na Rússia. A bebida, longe dos requintados salões que frequentava, celebrava a dupla comemoração: a união com o herdeiro da coroa do império russo, príncipe Dimitri de Romanov, e o primeiro casamento de um descendente dos czares no país, após a Revolução Bolchevique de 1917.
O matrimônio, em 1993, fez de Dorrit a primeira recifense a se tornar uma “soberana” no mundo. É como se ela fosse a rainha inglesa Elisabeth II, sem trono. Hipoteticamente, claro. Seu marido, ao assumir a chefia da casa dos Romanov, seria o imperador da Rússia, caso o país presidido por Vladimir Putin voltasse ao sistema monárquico.
“Foi um evento muito especial porque não tínhamos mais 20 anos. Não desejávamos um casamento com bodas enormes e centenas de pessoas. O que nos surpreendeu e comoveu muito é que a notícia foi propagada pelos meios de televisão e jornais. Várias pessoas ficaram reunidas em frente à igreja para nos dar parabéns, alegria, pequenos presentes na forma de postais e coisas da região”, disse, ao Diario, por telefone, da cidade de Rungsted Kyst, na Dinamarca, onde vive.
E qual a relação da nobre europeia com o Recife? Como princesas de narrativas infantis, a história de Dorrit é recheada de aventuras e paixões. Digna de livro. Seu pai, o agrônomo Erick Reventlow, depois de uma viagem ao Brasil, se apaixona pelo país e resolve fixar residência em terras tropicais nos anos 1920.
Pernambuco ainda dependia da indústria da cana e o melhoramentoo e exportação do produto eram seus objetivos no território. “Quando meu pai terminou os estudos de ciências agrícolas na Dinamarca, resolveu fazer uma grande viagem pela América do Sul. Fez isso porque o irmão dele encontrava-se na Argentina”, disse a princesa.
Residente no Brasil, Erick fez outra viagem ao país de origem, onde conheceu Nina Reventlow, e com ela teve dois filhos, já no Recife. Dorrit e o irmão mais velho, Jorge, foram criados numa bela mansão na Avenida 17 de Agosto, em Casa Forte.
“Meu pai viveu 17 anos no Brasil. Minha mãe, como casada, por dez anos no país”, lembra. O pai do clã faleceu em 1944 e foi enterrado no Cemitério dos Ingleses, em Santo Amaro. Dois anos mais tarde, a família voltou para a Dinamarca, após o fim da II Guerra Mundial.
A ligação com o país nunca foi interrompida. “Conforme dizem, o lugar onde a pessoa nasceu é o lugar para o qual você sempre volta. Eu não sou de todo uma exceção. Claro que voltei ao Recife, em 1984, 1985... Visitei a casa que vivi e o lugar onde meu pai se encontra enterrado. O Brasil fica um pouquinho longe da Dinarmaca, como sabes. Não seria longe de nossas ideias a fazer outra visita ao país onde nasci”, garante.
n colaborou Ed Wanderley