A bela justiceira Cléo Pires encara pela primeira vez o papel de uma policial no longa nacional Operações especiais, que estreia hoje nos cinemas locais

Fernanda Guerra
fernandaguerra.pe@dabr.com.br

Publicação: 15/10/2015 03:00

Cléo divide cena com Fabrício Boliveira e Thiago Martins em longa que entra nas comunidades cariocas (DAN BEHR/DIVULGAÇÃO)
Cléo divide cena com Fabrício Boliveira e Thiago Martins em longa que entra nas comunidades cariocas

Corrupção na polícia é um assunto corriqueiro no cinema nacional, como Tropa de elite 1 e 2 e Cidade de Deus. O filme Operações especiais, dirigido por Tomás Portella (Qualquer gato vira-lata), em cartaz a partir de hoje nos cinemas brasileiros, percorre um caminho idealista e moralista e mostra um lado mais “romântico” da corporação. A produção de ação propõe uma reflexão sobre honestidade e justiça. Na trama, policiais com integridade enfrentam o poder público e privado de uma cidade do interior do Rio de Janeiro para cumprir a rigor a legislação do Código Penal. O principal obstáculo é a sociedade do município fictício, acostumada a uma rotina de burlar regras.

Assim como em Tropa de elite 1 e 2, milícias cariocas, políticos corruptos e o “jeitinho brasileiro” são elementos da produção. Com uma protagonista mulher, Operações especiais acompanha Francis, vivida por Cléo Pires, que presta um concurso público para se tornar policial civil por um motivo não muito nobre: livrar-se do ex-namorado. Moradora de subúrbio e patricinha, ela é classificada e escalada para uma investigação criminal. A mocinha vive a angústia para lidar com a tensão do novo cargo, sobretudo nas cenas de ação. De quebra, tem que conviver em um ambiente machista, repleto de preconceito.

O primeiro personagem da atriz no universo policial contou com intenso treinamento, como o convívio com agentes em formação. As cenas iniciais do filme são inspiradas em casos reais, como o assalto do hotel InterContinental Rio, invadido por traficantes em 2010, e a ocupação do Complexo do Alemão, em 2011. A vontade de participar da produção partiu da própria Cléo. Ainda no elenco, Marcos Caruso, Fabrício Boliveira, Thiago Martins e Antonio Tabet.

Cléo também estará no filme Aldo, previsto para janeiro de 2016, no qual interpreta Viviane, esposa do pugilista José Aldo. No seriado SuperMax (Globo), ainda sem previsão de estreia, ela interpretará uma guerrilheira e viverá por trás das grades. O elenco da produção global, dirigida por José Alvarenga, conta ainda com Mariana Ximenes e participação de Pedro Bial.

Em entrevista ao Viver, a atriz comenta o cinema pernambucano. “Acompanho pelos jornais a força do cinema pernambucano recente, em filmes como O som ao redor, de Kleber Mendonça Filho, e do novo filme de Gabriel Mascaro (Boi neon), além do trabalho poderoso do ator Irandhir Santos”, exemplifica.

 

Entrevista >> Cléo Pires

 

“Pessoas não estão preparadas para policiais honestos”

 

Como foi a preparação para viver a personagem?
Foi intensa, prazerosa e divertida. A parte física exigiu muito de nós. Tivemos uma preparação intensa de duas semanas na Acadepol. Tivemos o acompanhamento de policiais civis. Treinamos na estande de tiro. Eu já tinha atirado antes, mas fiz aula de tiro pela primeira vez para o filme. Fiz aula de progressão, invasão, aprendi a montar e desmontar arma.

A corrupção policial já foi muito abordada no cinema, mas o filme mostra um outro lado. A trama é longe da realidade?
Não. Para o filme, conhecemos pessoas que vivem pela justiça, que estão realmente envolvidas nesse objetivo de melhorar a situação em que estamos. Mas claro, existe corrupção em todos os lugares. Acho que as pessoas não estão preparadas para uma polícia honesta e o filme explica bem o porquê.

Quais foram suas impressões ao viver, na ficção, uma profissão predominada por homens? Alguma curiosidade nos bastidores?
Não sou feminista, nem machista. Acho que todos podem fazer o que gostam independentemente do sexo. Eu amo ação, armas, que costumam ser mais relacionadas ao universo masculino, mas adorei poder dar vida a essa personagem. Hoje as coisas mudaram muito. Várias mulheres estão prestando concurso para ser policial. E no laboratório para o filme, vi que as mulheres estão ganhando cada vez mais espaço nessa profissão!

O que pode adiantar da personagem da série SuperMax?
Ainda não posso falar muito sobre a série, mas posso dizer que ela é uma guerrilheira. Eu também coloquei dreads para a série e estou amando esse novo visual, ainda que dê mais trabalho.

Desde Salve Jorge, você não faz novela. É uma preferência por seriados ou filmes?
Adoro trabalhar, independentemente de ser série ou novela. Cada projeto é um projeto e sempre tento mergulhar em minhas personagens. Mas na novela você grava 20 cenas em um dia, no cinema você filma uma ou duas cenas em um dia, é um processo bem diferente.