Como era bacana a Sessão da tarde Há 30 anos, eram lançados três longas-metragens clássicos que marcariam toda uma geração de fãs: Curtindo a vida adoidado, Top gun e Highlander

Correio Braziliense
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Publicação: 10/04/2016 03:00

Dirigido por John Hughes, mago dos filmes adolescentes dos anos 1980 que se tornaram clássicos na Sessão da tarde, Curtindo a vida adoidado foi para as telonas em 11 de julho de 1986, com modesta produção orçada em US$ 6 milhões. Apesar de toda a humildade, a obra arrecadou mais de 10 vezes o investimento, além de se tornar um fenômeno cult.
À primeira vista, Curtindo a vida adoidado segue a mesma cartilha de outros trabalhos assinados por Hugues: a rebelião de jovens contra figuras de autoridades, como pais, professores e diretores de escola. Mas, no primeiro monólogo de Ferris Bueller, já é possível perceber o potencial da obra e do personagem principal. Com um misto de charme, carisma, bom humor e uma língua e mente afiadas, Matthew Broderick, então com 23 anos, é daqueles protagonistas que fazem com que o telespectador deseje ser como ele, ou pelo menos embarcar em aventuras ao seu lado.
O privilégio de acompanhar Ferris na empreitada é compartilhado por Sloane Peterson, a namorada (Mia Fara) — cuja cena da piscadela e do beijo mandado para o pai do protagonista adiantou a puberdade de diversos adolescentes -, e Cameron Fryer, o melhor amigo. O trio passeia por Chicago, por cartões-postais da cidade, como o Instituto de Arte, o Estádio Wrigley, e monumentos famosos. Destaque para o desfile de Von Steuben — onde se passa a cena mais famosa do filme —, no qual Ferris canta a versão dos Beatles para Twist & shout.
Somam-se os elementos ao hilário duelo de Ferris com o tenso diretor da escola (Jeffrey Jones), à curiosa aparição de Charlie Sheen como charmoso rebelde - que deu o tom para o resto da carreira - e à inesquecível batucada eletrônica da música Oh yeah, da banda Yello, e John Hughes entregou um dos retratos mais leves, doces e felizes da adolescência.
Mais fantasiosos, mas igualmente marcantes, foram Top gun e Highlander, de 1986. O primeiro conta a história de Pete “Maverick” Mitchell, interpretado por Tom Cruise, então com 24 anos, jovem e destemido piloto que, junto do amigo Nick “Goose” Bradshaw, tem a chance de treinar com a elite dos Estados Unidos, entre pilotos conhecidos como “Top gun”.
Além de apresentar Tom Cruise para o mundo, o filme reuniu os elementos de um blockbuster de ação moderno: o protagonista bonitão, o par romântico (Kelly McGillis), o rival (Val Kilmer) e as cenas de ação bem coreografadas envolvendo caças em alta velocidade. Um dos elementos mas duradouros do filme é a trilha sonora, que conta o rock Danger zone de Kenny Loggins e, principalmente, a balada Take my breath away, da banda Berlin.
A trilha sonora é, destaque, também, em Highlander, lançado de julho de 1986 no Brasil. As músicas do álbum A kind of magic, do Queen, caíram como uma luva no clima épico e apocalíptico do filme, presente em outras fitas dos anos 1980, como O exterminador do futuro e Mad max. “O que se mantém mais duradouro nessa aventura épica e de ritmo acelerado, é que se inspira em seu contexto histórico, na ‘mentalidade apocalíptica’ dos anos 1980 e em seu movimento estilo ‘fim de um ciclo’”, escreveu à época o crítico John Kenneth Muir.
Em Highlander, a história de Connor McLeod (Christopher Lambert), um guerreiro que só pode morrer caso tenha a cabeça decapitada, se tornou um fenômeno cult, também pelas sequências de luta e a frase: “Só pode haver um”, além da participação de Sean Connery, mentor do personagem principal. O filme originou mais três sequências e duas séries de tevê.

 

 

[ Invasão na cultura pop

 

Uma das frases marcantes do filme, “Save Ferris”, foi usada para batizar a banda de ska e reggae norte-americana fundada em 1995. O maior sucesso deles é uma versão de Come on Eileen, composição de 1982 dos Dexys Midnight Runners. Matthew Broderick e John Hughes podem não ter inventado os easter eggs, mas eles foram um dos primeiros filmes a manter o público na cadeira no pós-créditos. O sempre espertinho e irônico Deadpool (2016) aproveitou a deixa para fazer uma literal homenagem/ referência. How I met your mother, Friends, Family guy e o filme Entrando numa fria são apenas obras a fazerem referência a Goose, Maverick e o wingman, termo que foi atualizado para o amigo que presta assistência na arte da paquera. Mas talvez a referência mais famosa a Top gun seja a hilária paródia Top gang — ases indomáveis, estrelado por Charlie Sheen.

 

 

[ Por onde andam

 

Dos três atores principais dos filmes clássicos, Tom Cruise, sem dúvida, se tornou o mais bem-sucedido.  Veja a trajetória dos protagonistas:

 

Matthew Broderick
Após Curtindo a vida adoidado, Matthew Broderick teve uma carreira de altos e baixos em Hollywood. As participações mais notáveis depois de Ferris Bueller foram nos filmes O pentelho, ao lado de Jim Carrey, Godzilla, de 1998, como a voz de Simba, em O rei leão, e na versão cinematográfica de The producers. Hoje, aos 53 anos, Broderick é casado com a também atriz Sarah Jessica Parker, com quem tem um filho.

 

Tom Cruise
Top Gun foi o filme que apresentou Tom Cruise para o mundo e, desde então, o ator não olhou para trás. Obras como Rain man, Cocktail, Entrevista com o vampiro, Jerry Maguire, Missão impossível, De olhos bem fechados e inúmeros outros credenciaram Cruise, hoje com 53 anos, como uma das maiores estrelas da indústria e, apesar das polêmicas com a cientologia, ainda um dos atores mais procurados.

 

Christopher Lambert
O ator teve a carreira definida pelo papel do imortal Connor MacLeod, interpretado em quatro episódios da saga Highlander. Depois da franquia, o papel de maior destaque foi como Raiden, o Deus do Trovão, em Mortal kombat, de 1995. Participou de menor destaque de séries televisivas, curta-metragens e filmes para a tevê. Lambert já foi casado com a atriz Diane Lane, com quem tem uma filha.

 

 

 

[ Comemorações

 

Para celebrar os 30 anos do lançamento de Curtindo a vida adoidado, a cidade de Chicago vai realizar, entre 20 e 22 de maio, a Ferris Fest. O festival consistirá em visitas e encenações em locais marcantes do filme. Entre eles, o desfile onde Ferris canta Twist & shout, excursão de ônibus por locais icônicos do longa, transmissão do filme em cinemas da cidade e participação dos atores que interpretaram os pais do personagem principal, além de uma visita à casa de Cameron, onde a famosa Ferrari ficava estacionada.