Cantora assume defesa da mulher negra no novo trabalho, lançado no sábado

Em 2013, Beyoncé “quebrou a internet” ao lançar o álbum visual homônimo. Desde então, a expectativa era grande para um novo disco da cantora. No sábado, o aguardado CD chegou ao Tidal, serviço de streaming de Jay-Z, ao mesmo tempo em que era exibido o documentário Lemonade, na HBO, que, nada mais é, do que todos os clipes do álbum visual reunidos formando um longa de mais de uma hora. As cópias físicas devem chegar às lojas até o fim da semana.

Lemonade foi o primeiro disco que mostrou um posicionamento de Beyoncé sobre questões relacionadas à negritude. Muitas vezes questionada sobre um possível “embranquecimento” e criticada pelos movimentos negros por não levantar a bandeira, o novo material serviu para mostrar que a cantora usará a voz como artista pop para tratar do assunto. Formation, primeiro single do disco, já demonstrava a tendência, mas é certo dizer que não se esperava um álbum inteiro no tom. “É um divisor de carreira. No disco anterior, ela envolveu parte do feminismo e teve algum peso. Agora, apoia o segmento social e se reconhece como negra”, diz Guilherme Tintel, editor do It Pop, especializado em cultura pop.

Todos os clipes de Lemonade são protagonizados por negros, inclusive, há a presença das mães dos jovens Michael Brown e Travyon Martin, que foram mortos por policiais norte-americanos, que fazem referência ao movimento Black Lives Matter. Muitas personalidades negras estão no material, como a tenista norte-americana Serena Williams, que aparece no vídeo de Sorry.

O nome do disco gerou questionamentos. Os movimentos logo lembraram da utilização do limão por negros para clarear a pele. Porém, o que tudo indica que é o título do álbum seja referência à expressão “fazer limonada com os limões que a vida dá”. “Em Freedom, ela inclui trecho de um discurso de sua vó: ‘Eu tive altos e baixos, mas sempre encontrei força para me levantar. Me serviram limões, mas eu fiz uma limonada’”, diz Tintel.

Serviço

Lemonade
De Beyoncé. Tidal, 12 faixas.

Sonoridade

Mas não foi apenas o teor político-social no discurso do álbum que chamou atenção em Lemonade. Beyoncé aposta em uma nova sonoridade, que bebe de ritmos que surgiram com os negros. É um álbum experimental, em que a cantora se afasta do mercado pop convencional, até por isso houve questionamentos em torno de ausência de hits. O álbum tem parcerias com Diplo (All night), Jack White (Don't hurt yourself), The Weeknd (6 inch) e Kendrick Lamar (Freedom). Assim como aconteceu no álbum anterior, a internet logo questionou se Beyoncé se refere ao casamento com o rapper Jay-Z. Ao que parece, sim. “No álbum anterior, ela começou a falar um pouco da vida pessoal. Chegaram a dizer que iam se divorciar, eles apareceram sem alianças. Só acho preocupante em um álbum como esse, isso virar foco”, diz Guilherme Tintel