Educação e cultura integradas
Em Brasília, seminário apresenta relatório que destaca como essa integração pode reduzir desigualdades, melhorar desempenho escolar e ampliar acesso às atividades
Allan Lopes
Publicação: 30/06/2025 03:00
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Um encontro para aproximar cultura e educação. Foi nesse clima que Brasília recebeu o seminário internacional Experiências Internacionais que Conectam Arte, Cultura e Educação. Durante o evento, foi apresentado um relatório elaborado em parceria com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que destaca como essa integração pode reduzir desigualdades, melhorar o desempenho escolar e ampliar o acesso de crianças e jovens às atividades culturais. A iniciativa contou com o apoio dos Ministérios da Educação e da Cultura.
O debate se concentrou em três eixos centrais: intersetorialidade, currículo e governança. Na ocasião, foram apresentados casos internacionais sobre experiências consolidadas em políticas públicas que integram arte, cultura e educação por representantes dos governos da França, Alemanha e Colômbia.
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Entre as principais propostas do relatório estão o fortalecimento do currículo de artes com foco na equidade, a formação de redes colaborativas locais e o aprimoramento das estruturas de governança intersetorial. A análise parte do entendimento de que a integração entre arte, cultura e educação contribui não apenas para o desenvolvimento integral de crianças e adolescentes, mas também para o crescimento econômico e a promoção de habilidades fundamentais em um mundo cada vez mais automatizado.
Segundo dados do Observatório Fundação Itaú, entre 2012 e 2020 a chamada “economia da cultura e do setor criativo” cresceu, em média, 2,2% ao ano no Brasil — enquanto o PIB nacional registrou retração média de 0,4% no mesmo período. Além disso, 28% dos trabalhadores desse setor estão empregados em outras áreas da economia, evidenciando o impacto transversal das competências artísticas e culturais.
O relatório apresentado também evidencia que as desigualdades socioeconômicas, territoriais e étnico-raciais no Brasil afetam diretamente o acesso dos estudantes às atividades culturais e artísticas. Embora a participação de jovens de baixa renda em ações culturais seja superior à média da OCDE, o Brasil apresenta uma das maiores disparidades entre estudantes de diferentes origens socioeconômicas, com uma diferença de 5,2 pontos percentuais — quase o dobro da média da OCDE (2,9 pontos).