O folk recriado pelos indies
Com influências e elementos do gênero, novas bandas dão uma nova cara e mantêm vivo o estilo que mistura música folclórica ao rock
Alexandre de Paula
Especial para o Diario
edviver.pe@dabr.com.br
Publicação: 20/07/2016 03:00
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Com banjos e bandolins entre os instrumentos utilizados, músicos da Mumford & Sons estouraram há quatro anos |
Eles são indies, tocam músicas modernas e alternativas, mas não se assuste, se ao dar play, uma certa nostalgia folk lhe atingir e você ouvir algo que lhe faça acreditar que tocam banjos, acordeons e outros instrumentos. Não, você não está enganado. Eles, de fato, utilizam esses instrumentos e podem, eventualmente, misturá-los com elementos eletrônicos e outras parafernálias da modernidade. Assim, com um pé na tradição e outro no contemporâneo, bandas indies atuais, como a Mumford & Sons, de Londres, mantêm vivo o espírito folk na nova geração.
Comandados por Marcus Mumford, os ingleses até se distanciaram do folk no último disco, lançado em 2015, mas foram um dos principais responsáveis por colocar o ritmo de volta ao cenário das bandas indies atuais e seguem usando instrumentos como o banjo e o bandolim em seus shows.
Os ingleses, antes restritos ao público britânico, estouraram em 2012, quando lançaram o segundo álbum, Babel. O disco estreou no topo da parada dos EUA, vendeu 600 mil cópias em uma semana e superou números alcançados, à época, por Justin Bieber (vendeu 374 mil cópias de Believe na primeira semana) e Madonna (359 mil de MDNA).
Ao lado do vocal potente de Marcus Mumford estão Ben Lovett, Winston Marshall e Ted Dwane, músicos que conseguiram cativar o público unindo rock indie à música folk. No início do ano, a banda arrastou uma multidão de fãs ao festival Lollapalooza em São Paulo e se apresentou preservando as raízes folk (abusando do banjo e do bumbo no lugar da bateria).
No oeste de Londres, de onde saíram os garotos do Mumford, um movimento (que Marcus Mumford prefere chamar de comunidade) no início dos anos 2000 lançou também outros nomes para a nova música folk.
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A cultuada cantora Laura Marling é uma das crias dessa geração folk londrina. A inglesa lançou o primeiro disco, Alas I cannot swim, em 2008, aos 18 anos, e chamou atenção com timbre delicado e a presença constante de um competente violão. Laura gravou mais três discos com a mesma pegada intimista.
Em 2015, assim como a Mumford & Sons, Laura Marling juntou aos elementos folks o som metálico de guitarras pesadas e uma abordagem mais solar. O violão da cantora permaneceu à frente das canções, embora a maturidade tenha se mostrado em vocais mais duros e secos.
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Se a ideia era misturar elementos do folk às sonoridades modernas, o duo alemão Bunt deu um passo além. Os estudantes Nico e Levi juntaram o tradicional ritmo ao estilo eletrônico do dub step. “Nos apaixonamos por esse padrão eletrônico e por banjos rápidos, folk cantado e vocais americanos. Queríamos combinar nossa paixão pelos dois mundos em um único som”, explicou Nico em entrevista ao site StereoMinds.
Eles citam os ingleses do Mumford & Sons como uma das principais influências. “Ambos amamos dance music e folk. Fomos introduzidos à dance music muito jovens. Temos ouvido muito Avicii e Kygo, grandes inspirações com a mesclagem de gêneros. Do mundo folk, diríamos que Mumford & Sons é a nossa maior inspiração”, revelou.