Compadre é coisa para se guardar... Conhecido pelo hit Pavão mysteriozo, cantor e compositor cearense Ednardo fará homenagem ao amigo Belchior em apresentação no Recife

Fellipe Torres
fellipe.torres@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 03/05/2017 03:00

Artista grava as próprias apresentações e as disponibiliza na internet para driblar o 'esquecimento da mídia' (MIDDIA/DIVULGAÇÃO)
Artista grava as próprias apresentações e as disponibiliza na internet para driblar o 'esquecimento da mídia'
Há uma espécie de limbo no universo da música do qual o cantor cearense Ednardo tenta escapar há mais de 40 anos. É a pecha do one-hit wonder, atribuída a artistas detentores de um único grande sucesso, como é o caso de Ritchie (Menina veneno) e da banda Kaoma (Chorando se foi), cujas canções mais conhecidas estouraram na década de 1980. Um pouco antes, em 1976, ao ser escolhida como tema de abertura da novela Saramandaia, a faixa Pavão mysteriozo se tornou incontornável na trajetória de Ednardo, compositor de pelo menos outras 400 músicas.

A última tentativa de deixar o hit fora do repertório dos shows foi no auge da carreira, em Teresina. Mas um experiente pernambucano o demoveu da ideia. “Estava entrando no hotel, depois da passagem de som, e escutei um vozeirão: ‘Ednardo, venha aqui meu filho’. Era Luiz Gonzaga. Ele disse: ‘Sente aqui ao meu lado. Faça isso não, meu filho. Você foi abençoado com um sucesso popular legítimo. Até hoje eu canto Asa branca. Coloque sua música de volta’. Foi uma lição que aprendi com o mestre”, lembra.

Com setlist acrescido de canções como Terral, Ingazeiras, Enquanto engoma a calça e Artigo 26, o músico fará show no próximo sábado, às 21h, no Teatro RioMar (Avenida República do Líbano, 251, Pina). Ele sobe ao palco acompanhado de Mimi Rocha (guitarra) e Carlos Patriolino (bandolim e violão). Como de costume, ele deve registrar a apresentação em vídeo para disponibilizá-la no YouTube. É uma forma, segundo Ednardo, de driblar o esquecimento por parte da chamada “mídia tradicional”.

Segundo o artista, nas estações de rádio e emissoras de televisão, é preciso pagar para tocar. “O ‘jabá’ é uma maldade grande que o sistema do show business faz com a riqueza da música brasileira, porque não existem somente aquelas pessoas. O dinheiro escolhe muito mal quem vai ser divulgado. Mas não tenho do que reclamar, pois dentro da mídia honesta e espontânea tenho um espaço razoável”, comenta, em referência a matérias em jornais impressos e ao interesse de alguns “radialistas mais esclarecidos”. De acordo com Ednardo, suas canções têm espaço considerável em rádios de países europeus, como Portugal, França e Alemanha.