O matuto mais conhecido do Nordeste tem o Recife como sua segunda casa e volta à capital pernambucana para dar pitacos sobre a política nacional. O personagem Zé Lezin, criado pelo humorista paraibano Nairon Barreto, escolheu a cidade para gravar o quinto DVD da carreira, a partir do show Um matuto na Lava Mato. As apresentações acontecem no Teatro Guararapes (Centro de Convenções de Pernambuco, no Complexo de Salgadinho, em Olinda), às 18h e às 21h deste sábado, e também vão contar com causos antigos nunca gravados antes.

Como o nome do espetáculo já sugere, a Operação Lava-Jato e seus desdobramentos é o tema da vez. “As novelas, os jornais, todos falam a mesma coisa. Vamos abordar a crise política, mas ela é muito mais uma crise espiritual. Eu falo da baixa autoestima do povo brasileiro. Acho que, sobre a Lava-Jato, a população está meio atordoada porque o caso tem muita informação jurídica e as pessoas não têm intimidade com essa linguagem. Quis mostrar uma maneira divertida de ver essa situação a partir da ótica do matuto”, comenta.

Esta é a primeira vez que o show de humor é apresentado no Recife e apenas Zé Lezin, sem convidados, estará no palco. Mesmo com toda a picardia matuta de seu personagem, Nairon Barreto pretende dar um pouco de esperança ao público de seu show. “Quero que as pessoas sorriem bastante, vão com o espírito desarmado e esqueçam os problemas do dia a dia. Temos de manter o espírito positivo e eu quero dar a boa nova. Já passamos por outras crises”, comenta Nairon.

Serviço

Zé Lezin – Gravação do DVD Um Matuto na Lava Mato
Quando: neste sábado, às 18h e às 21h
Onde: Teatro Guararapes (Centro de Convenções de Pernambuco, s/n, Olinda)
Quanto: ingressos por R$ 94 e R$ 42 (meia) para a plateia e R$ 64 e R$ 32 (meia) para o balcão, à venda na bilheteria do teatro, lojas Ticketfolia e site Eventim
Informações: 3182-8020

3 perguntas

NAIRON BARRETO // ator

Você se baseou na Operação Lava-Jato para criar esse show. Em que os acontecimentos políticos e sociais lhe inspiram?
Já que a atual programação só traz Lava-Jato, quis mostrar uma maneira divertida de ver essa situação a partir da ótica do matuto. As pessoas agora se informam pelas redes sociais, mas os matutos mais velhos, que permanecem nos sítios, não estão 100% envolvidos com as novas mídias. Os mais jovens no interior não sabem o que é um roçado, uma enxada. Zé Lezin faz graça com os dois lados políticos e ele expressa a visão de uma pessoa que ouviu as notícias, mas não tem um aprofundamento.

Em que o humor e os humoristas mudaram desde o início de sua carreira, há mais de 30 anos?
Acabaram com a saúde, a educação e os artistas vieram a reboque. Tem aparecido muito pouca gente que faz um trabalho empolgante, isso em todas as áreas. O número de pessoas fazendo stand-up é coisa de outro mundo, mas a maioria você so vai pro show uma vez. Tem espaço pra todo mundo. O importante é que a gente exercite a arte e tenha consciência das nossas limitações.

Quais seus planos futuros?
Já estou começando a usar o freio de mão e diminuir o ritmo, mas não quero me aposentar. Tenho 57 anos e eu estava trabalhando todo dia. Agora quero concentrar meu trabalho nos finais de semana. Eu já abri mão de estar no Rio e em São Paulo. Queria ir pra um mercado público e ouvir a conversa dos matutos. Eu gosto sempre de estar com as pessoas, mas é impossivel.