TELINHA » Sexo e poder na nova série original do canal HBO

Tiago Barbosa
tiago.barbosa@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 30/09/2017 09:00

A essência da sexualidade e as pontes estabelecidas com o poder exercido em sociedade - da política ao mercado - dão a consistência da nova série brasileira da HBO Latin America, A vida secreta dos casais, estreia deste domingo, às 22h, com sinal aberto para não assinantes. Dividido em doze capítulos, o seriado é obra de Bruna Lombardi e do filho Kim Riccelli, codiretor ao lado do pai Carlos Alberto Riccelli, e conta com o trio familiar no elenco. A produção se propõe a ser uma trama de descobertas sexuais conduzida como um thriller de mistério marcado por conflitos humanos e profissionais, psicológicos e sociais.

“A série tenta buscar o sexo nesse patamar de maior expansão de conhecimento e elevação, de explorar mais essas possibilidades. Passa pelas relações de poder, política, mercado, empresariado”, observa Bruna ao Viver. Ela é a protagonista no papel de Sofia Prado, sexóloga e diretora do fictício Instituto Tantra, especializado em oferecer orientação e terapias alternativas a casais. O destino da terapeuta se cruza com o do detetive Luís (Carlos) quando o desaparecimento de um paciente lança suspeitas sobre pessoas poderosas. A tentativa dos dois de desvendar o sumiço e manter a rotina de ajudar os outros contrasta com problemas de ordem pessoal: ela tem transtorno emocional e ele, desentendimentos familiares.

A série sugere, então, uma relação direta entre a resolução do caso e as descobertas sexuais e pessoais ensejadas a partir dos pacientes, cujos dilemas abarcam de frigidez a transexualidade. “Uma coisa se liga com a outra. Quando esse investigador vai ao Tantra, não entende o que é aquilo. Conversa com Sofia para entender. Acreditamos que o equilíbrio sexual tem a ver com o equilíbrio pessoal. Nossa sociedade, muitas vezes tão radical em não aceitar minorias, a diversidade, encontra essa raiz no sexo”, analisa Carlos Riccelli à reportagem.

O subtexto da trama permite alusão aos opostos da questão sexual na atualidade, situada entre conquistas libertárias e atos de discriminação. “Quando você dá abertura para ser intolerante, isso te leva a ser intolerante com a sexualidade dos outros, com a religião. A série quer gerar reflexão. Para provocar, não chocar, porque é tudo tratado de forma sensível, ouvindo as pessoas, para que você se coloque no lugar de cada um. É o melhor jeito de entender o outro. Se a coisa é perto de casa, muitas vezes se passa a entender diferente”, observa. A série tem cenas de nudez e abordagem direta do sexo, mas, diz Lombardi, nada é “gratuito” (veja entrevista na página).

+ A vida secreta
Elenco de peso reunido pela trama brasileira

A aposta da HBO em Bruna Lombardi, Carlos Alberto, afastados há anos da TV brasileira, e Kim Riccelli denota a intenção do canal de investir no elenco. A eles, juntam-se o experiente Paulo Gorgulho (o banqueiro Edgar Andreazza), Alejandro Claveaux (o jornalista Vicente) e Leticia Colin (a fotógrafa Renata), entre outros nomes. A vida secreta dos casais eleva para 18 o número de seriados originais do canal na região desde 2004 - as mais populares no Brasil curiosamente envolvem pacientes ou sexo: Psi, com histórias de divã de um psicólogo, e O negócio, sobre marketing aplicado por prostitutas ao trabalho.

GLOBO
Quem cria e curte as fake news?

A criação e a disseminação das notícias falsas pela web se tornaram instrumento de grupos políticos capaz de desestabilizar embates ideológicos e prejudicar o entendimento da realidade. A propagação via redes sociais e a multiplicação sem filtros pelos leitores também têm dado subsistência a bandeiras reacionárias preconceitos com informações equivocadas. A extensão e os danos provocados pelas mentiras online são abordados no documentário Que mundo é esse - Fake news: Baseados em fatos reais, neste sábado, às 20h30, na Globo News. O canal visitou países e instituições jornalísticas afetados pelo fenômento, como a Rússia, e conheceu o papel das agências de checagem de notícias. Na Macedônia, entrevistou membro do Veles boys, grupo cuja rotina consiste em produzir e espalhar fake news - usadas no Brexit do Reino Unido.

NETFLIX
Cem títulos deixam o catálogo

Uma centena de filmes, séries e documentários deixa o catálogo da Netflix em outubro. A maior parte da retirada ocorre neste domingo. Saem do acervo títulos como Blue jasmine, de 2013, vencedor do Oscar de Melhor Atriz com a atuação memorável de Cate Blanchett. O sensível drama francês Intocáveis, com Omar Sy e indicado ao Globo de Ouro, também é excluído no início neste dia 1º. O filme brasileiro Até que a sorte nos separe 2, da franquia recordista de bilheteria, fica indisponível a partir desta segunda-feira. Outras três produções chegam à plataforma: Peaky Blinders, Gravity falls: um verão de mistérios e Equestria girls: Tales of canterlot high. A renovação das obras no catálogo da plataforma online de TV é decorrência dos prazos de licenciamento junto aos estúdios detentores dos direitos de exibição.