A potência de novos olhares na telona
Em sua 14ª edição, o festival Olhar de Cinema, realizado em Curitiba, aposta na mistura de gerações e linguagens para formar novos públicos
Allan Lopes
Publicação: 16/06/2025 03:00
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A tradicional Ópera de Arame, um dos pontos turísticos de Curitiba, abriga o festival |
No embalo do vento frio, o festival Olhar de Cinema oferece à população de Curitiba, desde a última quarta-feira (11), uma forma de escapar das baixas temperaturas e se aquecer com grandes produções da sétima arte. Ao todo, são mais de 80 produções nacionais e internacionais distribuídas em dez mostras, que, já na semana de abertura, evidenciaram a pluralidade de olhares e formas de vivenciar o cinema. O Viver acompanhou tudo de perto.
O filme Cloud – Nuvem de Vingança, do diretor Kiyoshi Kurosawa, foi selecionado para abrir o primeiro dia da 14ª edição do evento, que aconteceu na Ópera de Arame, um dos pontos turísticos mais populares e imponentes do Paraná. Escolhido pelo Japão para a corrida do Oscar deste ano, vencida pelo brasileiro Ainda Estou Aqui, é inspirado em um evento real e aborda a história de um grupo de justiceiros formado na internet que se rebela contra Ryosuku Yoshii (Masaki Suda), um revendedor online de produtos baratos a preços elevados.
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O filme Cloud %u2013 Nuvem de Vingança abriu a programação |
Na quinta-feira, a programação ganhou força, com destaque para A Voz de Deus, primeiro longa da mostra competitiva a ser exibido. Dirigido por Antônio Miguel Ramos, o filme aborda o fenômeno dos pastores mirins e seu impacto nas redes sociais. No mesmo dia, o pernambucano Salomé teve uma estreia prestigiada, com sessão lotada no Cine Passeio. A narrativa acompanha a jovem modelo Cecília, que retorna ao Recife e reencontra João, um vizinho distante. É ele quem lhe mostra um frasco contendo uma misteriosa substância verde e tóxica. A partir daí, Cecília mergulha, de forma arrebatadora, em uma seita obscura, que remete à figura bíblica da princesa Salomé.
Explode São Paulo, Gil, de Maria Clara Escobar, parte de experiências íntimas para expandir, de forma potente, a escala do que sua câmera pode registrar sobre as mulheres. Já o também pernambucano Glória & Liberdade, primeira animação selecionada para a mostra competitiva, imagina um Brasil de 2050 que superou seu passado colonial.
Com sessões até a próxima quarta-feira, o Olhar de Cinema ainda reserva boas surpresas. Entre elas, Apenas Coisas Boas, de Daniel Nolasco, que chega a Curitiba após estreia no conceituado Festival Internacional de Cinema de Guadalajara. Também estão previstas homenagens a David Lynch e Agnès Varda na mostra Olhares Clássicos, com exibição de Eraserhead e Cléo das 5 às 7.