TEATRO » Metáfora sobre a manipulação

ISABELLE BARROS
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Publicação: 08/03/2018 03:00

 O universo dos bonecos foi escolhido pela Cia. dos Homens para comemorar seus 30 anos de existência, marcados pelo espetáculo Em comum, com quatro sessões de hoje a sábado no Teatro Luiz Mendonça. A união de quatro coreógrafos distintos, todos ligados de alguma forma à trajetória da companhia, resulta numa montagem cheia de memórias afetivas, ligadas entre si pelas diversas formas de manipulação dessas figuras tão tradicionais em Pernambuco. A montagem terá audiodescrição nas sessões de amanhã e sábado. Esta é a primeira produção desde Palavra úmida (2008), apresentada em uma piscina. Os criadores dos movimentos do espetáculo foram Cláudia São Bento, diretora da Cia. dos Homens desde 1998, Airton Tenório, um dos fundadores do grupo, à frente dele de 1988 a 1997, além de Cláudio Lacerda, integrante do elenco de 1992 a 1997, e Isabel Ferreira, bailarina da companhia há dez anos. Ela estará no palco junto com a própria Cláudia, Dayvison de Albuquerque, Thainá Sousa e Jefferson Figueiredo. “Cada um levou sua experiência. Ayrton, por exemplo, lembrou da infância e fez experiências com bonecas de pano. Cláudio, por sua vez, trabalhou com manequins, e eu pedi para o artesão Antero Assis fazer uma boneca especialmente para o Em comum”, detalha Cláudia. A união da dança contemporânea com o teatro de formas animadas começou a ser testada pelo grupo em 2009, quando eles realizaram seis oficinas, passando por máscaras, marionetes, fantoches e sombras. A manipulação dos bonecos se tornou metáfora para pensar sobre o que move as pessoas. “Dei liberdade aos coreógrafos para criar em cima do mesmo tema e várias coisas em comum surgiram, daí o nome do espetáculo. Fui a última a coreografar justamente para fazer esse fio condutor. Fizemos um estudo dos movimentos por meio dos bonecos e nos perguntamos sobre o jogo entre os seres animados - os bailarinos - e os inanimados. Até onde somos manipulados?”, completa Cláudia. Para Airton, que saiu de Pernambuco para trabalhar no Rio de Janeiro e passou pela Cia. de Dança Deborah Colker, esta é uma chance de se reconectar com o cenário da dança do Recife. “Cada um de nós usou um recorte, e, no total, ficamos com aproximadamente 15 minutos cada um. Apesar de todas as dificuldades, a dança evoluiu muito por aqui”.