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O nascedouro das Graças
Reduto boêmio dos artistas nas décadas de 1980 e 1990, bairro da Zona Norte testemunhou alguns encontros que originaram movimento Mangue
Marina Simões
marina.simoes@diariodepernambuco.com.br
Publicação: 28/09/2018 03:00
O bairro das Graças viveu intensa movimentação noturna nas décadas de 1980 e 1990. Foi até chamado de Baixo Graças, referência ao Baixo Gávea, templo da boemia do Rio de Janeiro. O complexo de bares incluía nomes como Depois do Escuro, Cantinho das Graças, Sanatório geral e Som das águas. “O auge se deu nos anos 1980. Eu frequentava assiduamente o Cantinho das Graças. Um bar simples, que não tinha nada demais”, relembra o crítico musical e produtor Renato L.
Junto com Chico Science, Fred Zero Quatro, DJ Dolores, Jorge Du Peixe, HD Mabuse, Hilton Lacerda e outros amigos, definiram o que viria a ser o movimento de contracultura diverso e marcante da música pernambucana. “A primeira vez que ouvi de Chico falando o termo ‘mangue’ associado à música foi lá. As ideias do movimento surgiram, aqueles conceitos todos, todo mundo dava opiniões, uma espécie de jorro de criatividade”, relembra.
O bar se tornou ponto de encontro porque dois amigos, o arquiteto Roberto Fonseca e Hélder Aragão, o DJ Dolores, dividiam um apartamento nas redondezas. A casa servia de apoio antes ou após a noitada. “Naquela época era o mais descolado, mas não chegava a ser alternativo. Não pagava para entrar e não tinha consumação mínima. Era um público que tinha menos grana, para estudantes”, afirma Renato.
O casarão verde com piscina na Rua Aníbal Falcão também carrega histórias curiosas. O produtor cultural Luiz Cleodon Valença, conhecido como Bode Valença, foi um dos fundadores do Clube da Farra com mais cinco sócios Márcio Bastos, Rubens Valença, André Araújo e Rodrigo Gomes. A ideia surgiu após montarem um bar no carnaval de Olinda. Virou um clube porque havia uma tímida piscina no quintal. E como todo clube que se preze, ganhou associados.
“A gente facilitava com o CrediFarra, um sistema parecido com cartão de credito. Você se associava e com a carteirinha poderia consumir e só pagava no final do mês”, recorda. A Kombi comprada para transportar as compras da Ceasa virou a AmbuFarra. “Era uma brincadeira nossa. A ambulância que levava os bêbados para casa. A gente não deixava ninguém sair dirigindo”, conta Bode.
A casa lotava de quinta a sábado, com fila para entrar, e a bebida escolhida pela turma era run com coca-cola. O espaço foi ganhando repercussão. Era frequentado por ícones como Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Luiz Melodia, Tim Maia e cantores locais como André Rio, Josildo Sá e Nena Queiroga. O Clube ia virar bloco e ganhou um frevo composto por Carlos Fernando, mas não chegou a ir para as ruas. “A gente preferia ficar no bar bebendo”, resume Bode. Hoje, aos 54 anos, ele assegura que foi melhor assim. “O bar fechou em 1994. O CrediFarra nos quebrou por conta da inflação. Todo mês fechava no vermelho”, relembra.
Junto com Chico Science, Fred Zero Quatro, DJ Dolores, Jorge Du Peixe, HD Mabuse, Hilton Lacerda e outros amigos, definiram o que viria a ser o movimento de contracultura diverso e marcante da música pernambucana. “A primeira vez que ouvi de Chico falando o termo ‘mangue’ associado à música foi lá. As ideias do movimento surgiram, aqueles conceitos todos, todo mundo dava opiniões, uma espécie de jorro de criatividade”, relembra.
O bar se tornou ponto de encontro porque dois amigos, o arquiteto Roberto Fonseca e Hélder Aragão, o DJ Dolores, dividiam um apartamento nas redondezas. A casa servia de apoio antes ou após a noitada. “Naquela época era o mais descolado, mas não chegava a ser alternativo. Não pagava para entrar e não tinha consumação mínima. Era um público que tinha menos grana, para estudantes”, afirma Renato.
O casarão verde com piscina na Rua Aníbal Falcão também carrega histórias curiosas. O produtor cultural Luiz Cleodon Valença, conhecido como Bode Valença, foi um dos fundadores do Clube da Farra com mais cinco sócios Márcio Bastos, Rubens Valença, André Araújo e Rodrigo Gomes. A ideia surgiu após montarem um bar no carnaval de Olinda. Virou um clube porque havia uma tímida piscina no quintal. E como todo clube que se preze, ganhou associados.
“A gente facilitava com o CrediFarra, um sistema parecido com cartão de credito. Você se associava e com a carteirinha poderia consumir e só pagava no final do mês”, recorda. A Kombi comprada para transportar as compras da Ceasa virou a AmbuFarra. “Era uma brincadeira nossa. A ambulância que levava os bêbados para casa. A gente não deixava ninguém sair dirigindo”, conta Bode.
A casa lotava de quinta a sábado, com fila para entrar, e a bebida escolhida pela turma era run com coca-cola. O espaço foi ganhando repercussão. Era frequentado por ícones como Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Luiz Melodia, Tim Maia e cantores locais como André Rio, Josildo Sá e Nena Queiroga. O Clube ia virar bloco e ganhou um frevo composto por Carlos Fernando, mas não chegou a ir para as ruas. “A gente preferia ficar no bar bebendo”, resume Bode. Hoje, aos 54 anos, ele assegura que foi melhor assim. “O bar fechou em 1994. O CrediFarra nos quebrou por conta da inflação. Todo mês fechava no vermelho”, relembra.
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