TELINHA » Uma força cultural muito além da animação Os Simpsons: Série mais longeva da TV estreou a 30ª temporada, mantendo-se ainda como um fenômeno mundial

Publicação: 01/06/2019 03:00

Os Simpsons estrearam sua 30ª temporada no Brasil na última quinta-feira e já entraram para a história da televisão por conta de sua longevidade e influenciaram uma miríade de desenhos e seriados live-action. Mas seu impacto não fica restrito apenas ao entretenimento, e pode ser sentido em diversas áreas.

O idioma inglês, por exemplo, não passou incólume pelo fenômeno. Diversos neologismos criados na animação entraram em dicionários após terem ido ao ar no desenho. A palavra “cromulent” (algo como “adequado”), utilizada pela primeira vez no episódio Lisa, a Iconoclasta, de 1996, e “embiggen” (“aumentar”, em tradução livre), popularizada pelo mesmo capítulo, além da expressão “d’oh!”, eternizada por Homer Simpson, foram adicionadas ao dicionário Oxford, tornando-se palavras oficial do idioma.

Existem poucos personagens semelhantes cuja presença na cultura pop se equipare à da família Simpsons. No Brasil, talvez o melhor paralelo que se pode traçar é com a Turma da Mônica, que surgiu 30 anos antes dos Simpsons, em 1959, nos quadrinhos, mas logo migrou para a TV e para várias outras mídias (seu filme com atores reais, Turma da Mônica: Laços, dirigido por Daniel Rezende, estreia no país em 27 de junho). “Os Simpsons são um marco na história da animação”, afirma o cartunista Mauricio de Sousa. “Não necessariamente no estilo de desenho, mas com seus textos, tanto polêmicos quanto hilários. Uma sitcom bem elaborada e isso explica sua permanência na TV por tantos anos.”

Os Simpsons abriram espaço para que outras animações tratassem de temas mais maduros com a abordagem marcada pelo comentário social ácido. Dois anos depois da estreia da animação, Family Guy (traduzida no Brasil como Uma família da pesada), criada por Seth MacFarlane, passou a concorrer com Os Simpsons dentro da própria emissora. O desenho compartilha semelhanças temáticas e estéticas com seus primos amarelados, já que também acompanha o cotidiano de uma família comum americana, no entanto conta com um humor mais direto e agressivo.

Talvez o impacto mais claro dessa popularidade tenha sido sentido em 2001, quando o canal infantil Cartoon Network começou a exibir desenhos voltados para o público adulto nas madrugadas por meio do Adult swim, aproveitando o nicho construído pelos Simpsons ao longo da década anterior. As atrações exibidas por esse canal alternativo, como Frango-Robô e Aqua teen: O esquadrão força total não raro descambavam para a violência explícita e o humor negro.

Mais recentemente, com o advento das plataformas de streaming, desenhos animados que visam a atingir um público adulto são cada vez mais comuns e diversificados, fugindo da dinâmica de sitcom e das temáticas do núcleo familiar instauradas pelos Simpsons, atingindo nichos específicos. BoJack Horseman mistura drama e comédia para tratar de temas densos como depressão e ansiedade; Rick and Morty utiliza elementos de ficção científica, como multiverso e viagens no tempo, de maneira bem-humorada para tratar da difícil relação de um neto pouco inteligente com seu avô, um gênio e cientista maluco; o recente e polêmico desenho brasileiro Super drags narra as aventuras de três colegas de trabalho que se vestem de drag queens para combater o crime e o conservadorismo; e Gravity falls é um relatório das férias dos irmãos gêmeos Dipper e Mabel na casa de seu tio-avô, em um pequeno vilarejo assombrado por forças sobrenaturais.