Walter Franco, o gênio mais maldito da MPB
Cantor e compositor sai de cena aos 74 anos, deixando uma obra seminal que não se curvava a padrões
Publicação: 25/10/2019 03:00
O mais maldito dos chamados malditos da MPB, Walter Franco era um paradoxo. Um artista tranquilo, sereno, sempre bem-educado, boa-praça, mas capaz de despertar polêmicas e reações furiosas. Como as estrondosas vaias que o consagraram em 1972, no Festival Internacional da Canção. Foi ali que apresentou Cabeça, uma música adiante de seu tempo.
Walter Rosciano Franco morreu na madrugada de ontem em São Paulo, aos 74 anos, de consequências de um AVC. A família publicou a notícia em seu perfil nas redes sociais. Nos últimos anos, o cantor passou por cirurgias cardíacas, mas que não o impediram de seguir com a carreira. Fazia poucos shows, sempre lotados de fãs de várias gerações, e preparava um novo disco, que seria o sétimo da carreira e o primeiro em 18 anos.
O cantor e compositor paulistano sempre foi vanguarda, e talvez tenha sido a figura mais moderna da música brasileira nos anos 1970. Quando lançou Ou não, seu álbum de estreia, em 1973, a crítica musical discutiu por muito tempo qual era o disco mais experimental e inovador da época: Ou não ou Araçá azul, que Caetano Veloso lançou no mesmo ano.
O choque de modernidade de Walter Franco começou no festival de 1972, quando Cabeça foi rechaçada violentamente pelo público. Uma “não canção”, delirante, com frases musicais interrompidas e versos quebrados, sobrepostos, confusos como seria uma cabeça de ideias incontroláveis.
O júri do festival, composto por Nara Leão, Décio Pignatari, Júlio Medaglia, Roberto Freire e Rogério Duprat, escolheu Cabeça como vencedora. Mas, com as vaias e a presença de censores e militares nos bastidores do evento, o júri foi simplesmente desfeito e o prêmio foi para a alegre Fio maravilha, de Jorge Ben, defendida por Maria Alcina.
A repercussão abriu portas para o álbum de estreia. Na capa branca, apenas uma mosca no centro. Na contracapa, o título e só. Era pouca coisa por fora, mas dentro Ou não trazia letras com influência da poesia concreta, músicas com algo de psicodelia, com espantosa convivência de complexidade sonora e simplicidade instrumental.
Voz era instrumento
A faixa de abertura, Mixturação, já trazia uma característica marcante de Walter Franco, que é usar a voz como instrumento. Do sussurro ao grito primal, ia da vanguarda mais crua, em Pátio dos loucos, até a engraçada Xaxados & Perdidos. E, claro, fechando o disco, Cabeça. (Folhapress)
Walter Rosciano Franco morreu na madrugada de ontem em São Paulo, aos 74 anos, de consequências de um AVC. A família publicou a notícia em seu perfil nas redes sociais. Nos últimos anos, o cantor passou por cirurgias cardíacas, mas que não o impediram de seguir com a carreira. Fazia poucos shows, sempre lotados de fãs de várias gerações, e preparava um novo disco, que seria o sétimo da carreira e o primeiro em 18 anos.
O cantor e compositor paulistano sempre foi vanguarda, e talvez tenha sido a figura mais moderna da música brasileira nos anos 1970. Quando lançou Ou não, seu álbum de estreia, em 1973, a crítica musical discutiu por muito tempo qual era o disco mais experimental e inovador da época: Ou não ou Araçá azul, que Caetano Veloso lançou no mesmo ano.
O choque de modernidade de Walter Franco começou no festival de 1972, quando Cabeça foi rechaçada violentamente pelo público. Uma “não canção”, delirante, com frases musicais interrompidas e versos quebrados, sobrepostos, confusos como seria uma cabeça de ideias incontroláveis.
O júri do festival, composto por Nara Leão, Décio Pignatari, Júlio Medaglia, Roberto Freire e Rogério Duprat, escolheu Cabeça como vencedora. Mas, com as vaias e a presença de censores e militares nos bastidores do evento, o júri foi simplesmente desfeito e o prêmio foi para a alegre Fio maravilha, de Jorge Ben, defendida por Maria Alcina.
A repercussão abriu portas para o álbum de estreia. Na capa branca, apenas uma mosca no centro. Na contracapa, o título e só. Era pouca coisa por fora, mas dentro Ou não trazia letras com influência da poesia concreta, músicas com algo de psicodelia, com espantosa convivência de complexidade sonora e simplicidade instrumental.
Voz era instrumento
A faixa de abertura, Mixturação, já trazia uma característica marcante de Walter Franco, que é usar a voz como instrumento. Do sussurro ao grito primal, ia da vanguarda mais crua, em Pátio dos loucos, até a engraçada Xaxados & Perdidos. E, claro, fechando o disco, Cabeça. (Folhapress)
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