Publicação: 04/11/2020 06:00
Entrevista - Pedro Karp Vasquez // editor
Quais cartas mais surpreenderam de terem sido encontradas?
Cartas de duas naturezas: as íntimas, enviadas às irmãs, ao filho mais novo, ao futuro marido quando ainda era um namorado, e a outros familiares; e as cartas de cunho literário, enviadas aos amigos escritores, como João Cabral de Melo Neto, Rubem Braga, Otto Lara Resende, Fernando Sabino e Lúcio Cardoso. Esses dois conjuntos combinados oferecem um perfil completo de Clarice, como escritora e como ser humano.
O que as descobertas e a publicação dessas novas cartas acrescentam à obra de Clarice?
Clarice não gostava de dar entrevistas e, muito menos, de explicar ou justificar o próprio trabalho. Em toda sua vida, ela só deu três grandes entrevistas, para O Pasquim, em 1974, para o Museu da Imagem e do Som do Rio, em 1976, e no ano de sua morte, 1977, para a TV Cultura (exigindo do entrevistador, Júlio Lerner a promessa de divulgá-la só após seu falecimento). Tudo isso faz com que as informações acerca das suas reais intenções ao escrever sejam de extrema valia para os estudiosos e pesquisadores, permitindo em certos casos até mesmo a reavaliação de determinados comentários publicados em teses e outros estudos acadêmicos.
As cartas dela sempre despertam muita curiosidade dos leitores. A que atribui isso?
Acredito que isso se deve ao fato de que tudo aquilo que Clarice escreve é muito verdadeiro e absolutamente sincero. Ela não faz pose nem se esconde atrás de uma persona pública cuidadosamente construída, como fizeram (e ainda fazem) alguns escritores preocupados na construção do próprio mito. Clarice é o que é, com absoluta sinceridade. Em certos casos - em particular nas crônicas que escrevia para o Jornal do Brasil -, ela chegou inclusive a admitir limitações e espantos diante de alguns dos desafios que a vida oferece a todos nós. Assim, os leitores acabam sempre encontrando algo que lhes fala ao coração nos seus livros.
Clarice se tornou numa autora pop. O que acha que ela pensaria disso?
Tenho certeza de que ela detestaria. Em nenhuma hipótese ela faria uma dessas “lives” tão em moda atualmente, assim como não teria conta em nenhuma rede social, pois ela sempre foi uma pessoa reservada e muito ciosa da própria privacidade. Clarice admirava enormemente o poeta Carlos Drummond de Andrade, seu colega como cronista no Jornal do Brasil, também morador de Copacabana e tão discreto e reservado quanto ela.
Quais cartas mais surpreenderam de terem sido encontradas?
Cartas de duas naturezas: as íntimas, enviadas às irmãs, ao filho mais novo, ao futuro marido quando ainda era um namorado, e a outros familiares; e as cartas de cunho literário, enviadas aos amigos escritores, como João Cabral de Melo Neto, Rubem Braga, Otto Lara Resende, Fernando Sabino e Lúcio Cardoso. Esses dois conjuntos combinados oferecem um perfil completo de Clarice, como escritora e como ser humano.
O que as descobertas e a publicação dessas novas cartas acrescentam à obra de Clarice?
Clarice não gostava de dar entrevistas e, muito menos, de explicar ou justificar o próprio trabalho. Em toda sua vida, ela só deu três grandes entrevistas, para O Pasquim, em 1974, para o Museu da Imagem e do Som do Rio, em 1976, e no ano de sua morte, 1977, para a TV Cultura (exigindo do entrevistador, Júlio Lerner a promessa de divulgá-la só após seu falecimento). Tudo isso faz com que as informações acerca das suas reais intenções ao escrever sejam de extrema valia para os estudiosos e pesquisadores, permitindo em certos casos até mesmo a reavaliação de determinados comentários publicados em teses e outros estudos acadêmicos.
As cartas dela sempre despertam muita curiosidade dos leitores. A que atribui isso?
Acredito que isso se deve ao fato de que tudo aquilo que Clarice escreve é muito verdadeiro e absolutamente sincero. Ela não faz pose nem se esconde atrás de uma persona pública cuidadosamente construída, como fizeram (e ainda fazem) alguns escritores preocupados na construção do próprio mito. Clarice é o que é, com absoluta sinceridade. Em certos casos - em particular nas crônicas que escrevia para o Jornal do Brasil -, ela chegou inclusive a admitir limitações e espantos diante de alguns dos desafios que a vida oferece a todos nós. Assim, os leitores acabam sempre encontrando algo que lhes fala ao coração nos seus livros.
Clarice se tornou numa autora pop. O que acha que ela pensaria disso?
Tenho certeza de que ela detestaria. Em nenhuma hipótese ela faria uma dessas “lives” tão em moda atualmente, assim como não teria conta em nenhuma rede social, pois ela sempre foi uma pessoa reservada e muito ciosa da própria privacidade. Clarice admirava enormemente o poeta Carlos Drummond de Andrade, seu colega como cronista no Jornal do Brasil, também morador de Copacabana e tão discreto e reservado quanto ela.
Saiba mais...
Um retrato de quem foi Clarice