Um retrato de quem foi Clarice
Livro Todas as cartas reúne quase 300 correspondências, muitas delas inéditas, escritas por Clarice Lispector ao longo da vida, entre 1940 e 1970
Adriana Izel
Do Correio Braziliense
Publicação: 04/11/2020 06:00
As correspondências eram uma paixão da escritora Clarice Lispector, além de serem a alternativa que a ucraniana naturalizada brasileira encontrava para se comunicar com familiares, amigos e colegas escritores enquanto se deslocava pelo mundo. Ela nasceu na Ucrânia, morou em diferentes cidades brasileiras - Maceió, Recife, Rio de Janeiro e Belém - e também rodou o mundo ao lado do marido o embaixador Maury Gurgel Valente.
As cartas de Clarice vieram a público em formato editorial pela primeira vez em 2001 em Cartas perto do coração, obra organizada por Fernando Sabino e publicada pela editora Record, que mostrava a troca de correspondência entre os autores. No ano seguinte, 25 anos depois da morte da escritora, foi lançado pela editora Rocco Correspondências, composto por 129 cartas escritas pela autora ou destinadas a ela dos anos 1940 até um pouco antes da morte, em 1977. Em 2007, mais missivas vieram à tona na publicação Minhas queridas, que apresentou 120 cartas inéditas escritas entre 1940 e 1957.
Neste ano, perto do centenário da escritora, comemorado em 10 de dezembro, a Rocco lançou Todas as cartas (864 páginas, R$ 199,90), obra que reúne quase 300 correspondências da autora escritas ao longo da vida entre 1940 e 1970 separadas por década, com 510 notas da biógrafa Teresa Montero, que contextualizam o material no tempo, no espaço e nas inúmeras citações a personalidades e referências culturais dos conteúdos. O acervo tem como objetivo nortear quem foi Clarice, escritora que nunca gostou de justificar o próprio trabalho e conhecida por ter sido extremamente reservada.
O conteúdo traz correspondências inéditas endereçadas aos amigos escritores João Cabral de Melo Neto (que incluem menção a peça teatral O coro dos anjos), Rubem Braga, Lêdo Ivo, Otto Lara Resende, Paulo Mendes Campos, Nélida Piñon, Lygia Fagundes Telles (em que fala sobre o papel das mulheres num mundo literário dominado por homens), Natércia Freire e Mário de Andrade.
Também há um conteúdo mais íntimo nunca antes publicado, sendo 16 cartas que mostram as conversas de Clarice com as irmãs Elisa Lispector e Tania Kaufmann, mais do que confidentes da autora, influenciadores no gosto dela incutindo o hábito de ir ao cinema e até a leitura de Simone de Beauvoir. “O trabalho levou pouco mais de dois anos, pois havia dificuldade em localizar as correspondências enviadas por Clarice em mãos dos destinatários (ou de seus herdeiros, na maior parte dos casos) ou em instituições públicas e particulares. Isso porque Clarice não guardava cópias das suas cartas”, explica o editor Pedro Karp Vasquez, responsável pelo posfácio do livro.
Até o final do ano, toda a obra clariceana (compreendendo 18 títulos), será reeditada, segundo Pedro Karp. O projeto gráfico será de Victor Burton, com capas reproduzindo quadros pintados por Clarice e posfácios especialmente encomendados para a ocasião e assinados por estudiosos de renome ou grandes nomes da literatura brasileira, como Nélida Piñon, Marina Colasanti e Rosiska Darcy.
As cartas de Clarice vieram a público em formato editorial pela primeira vez em 2001 em Cartas perto do coração, obra organizada por Fernando Sabino e publicada pela editora Record, que mostrava a troca de correspondência entre os autores. No ano seguinte, 25 anos depois da morte da escritora, foi lançado pela editora Rocco Correspondências, composto por 129 cartas escritas pela autora ou destinadas a ela dos anos 1940 até um pouco antes da morte, em 1977. Em 2007, mais missivas vieram à tona na publicação Minhas queridas, que apresentou 120 cartas inéditas escritas entre 1940 e 1957.
Neste ano, perto do centenário da escritora, comemorado em 10 de dezembro, a Rocco lançou Todas as cartas (864 páginas, R$ 199,90), obra que reúne quase 300 correspondências da autora escritas ao longo da vida entre 1940 e 1970 separadas por década, com 510 notas da biógrafa Teresa Montero, que contextualizam o material no tempo, no espaço e nas inúmeras citações a personalidades e referências culturais dos conteúdos. O acervo tem como objetivo nortear quem foi Clarice, escritora que nunca gostou de justificar o próprio trabalho e conhecida por ter sido extremamente reservada.
O conteúdo traz correspondências inéditas endereçadas aos amigos escritores João Cabral de Melo Neto (que incluem menção a peça teatral O coro dos anjos), Rubem Braga, Lêdo Ivo, Otto Lara Resende, Paulo Mendes Campos, Nélida Piñon, Lygia Fagundes Telles (em que fala sobre o papel das mulheres num mundo literário dominado por homens), Natércia Freire e Mário de Andrade.
Também há um conteúdo mais íntimo nunca antes publicado, sendo 16 cartas que mostram as conversas de Clarice com as irmãs Elisa Lispector e Tania Kaufmann, mais do que confidentes da autora, influenciadores no gosto dela incutindo o hábito de ir ao cinema e até a leitura de Simone de Beauvoir. “O trabalho levou pouco mais de dois anos, pois havia dificuldade em localizar as correspondências enviadas por Clarice em mãos dos destinatários (ou de seus herdeiros, na maior parte dos casos) ou em instituições públicas e particulares. Isso porque Clarice não guardava cópias das suas cartas”, explica o editor Pedro Karp Vasquez, responsável pelo posfácio do livro.
Até o final do ano, toda a obra clariceana (compreendendo 18 títulos), será reeditada, segundo Pedro Karp. O projeto gráfico será de Victor Burton, com capas reproduzindo quadros pintados por Clarice e posfácios especialmente encomendados para a ocasião e assinados por estudiosos de renome ou grandes nomes da literatura brasileira, como Nélida Piñon, Marina Colasanti e Rosiska Darcy.
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"Tudo que ela escreve é muito verdadeiro"