Natascha Falcão celebra o Dia de Santo Antônio
No EP "Universo de Paixão II", a pernambucana revisita canções de Zé Ramalho, Alceu Valença, Dominguinhos e Anastácia, uma pioneira do forró
Pedro Cunha
Especial para o DIARIO
Publicação: 13/06/2025 03:00
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A partir do dia 20, a cantora fará uma turnê pela Europa, começando por Portugal |
No país onde o mês de junho é sinônimo de memória, música e promessas acesas, Natascha Falcão transforma hoje, Dia de Santo Antônio, essa reza coletiva ao afeto em palco simbólico para lançar seu novo EP, Universo de Paixão II. Nele, a artista pernambucana aprofunda sua investigação sobre pertencimento e raízes. É um disco que chega querendo dançar entre a saudade e a cena, entre o lirismo e o mercado, e que parece sussurrar: o forró também pode ser moderno, pop, íntimo e político.
Quarto título de sua discografia, ele é costurado por saudade, deslocamento e reencontro, elementos que a própria cantora resume com simplicidade: “Estou contando minha história desde que saí do Recife, meu universo de paixão. Canto forró porque não saberia viver de outro jeito”. Se no primeiro volume, lançado no ano passado, Natascha mergulhava no forró eletrônico dos anos 1990, agora ela expande o mapa afetivo. As regravações ganharam nova pele em xote, arrasta-pé e baladas carregadas de afeto, mantendo o fio condutor da tradição.
O EP começa com Beija-Flor, sucesso da Timbalada, em versão delicada iniciada com a voz da avó da artista declarando o amor a Pernambuco e abençoando a neta. “Ela fala de saudade, mas também me dá a força de que preciso”, diz. Farol das Estrelas, hit do Soweto nos anos 1990, ganha arranjo de sanfona e vira ponte entre o samba e o forró. “Morei 12 anos no Rio, cresci ouvindo pagode. Altay Veloso, que escreveu a música, é neto de sanfoneiro. No fundo, ele deve ter forró no sangue”, brinca.
Natascha revisita ainda Banquete de Signos (Zé Ramalho), em arranjo sofisticado de cordas por Beto Lemos, e define a canção como “uma viagem sensorial pelos símbolos da cultura do sertão”. Já Desilusão, de Dominguinhos e Anastácia, é uma homenagem à trajetória da precursora do forró feminino. “Anastácia é um farol. Foi muito emocionante poder gravar essa música pensando no que ela representa”, diz. O disco encerra com Solidão, de Alceu Valença. “A solidão é o que vem depois da desilusão. É doída, mas é fundamental”, crava ela, que ainda este mês cantará em Portugal, Suíça e França.