Claudia Souto, das novelas aos contos
A autora de sucessos do horário das sete, como "Volta por Cima" e "Cara e Coragem", fala sobre a criação feminina na nossa teledramaturgia
ANDRÉ GUERRA
Publicação: 07/07/2025 03:00
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A carioca está se preparando para lançar seu primeiro livro solo, intitulado Dia Seguinte |
Além de aficionada pela teledramaturgia desde muito jovem, Claudia experienciou de perto o mundo noveleiro como colaboradora e teve a oportunidade de trabalhar com um de seus maiores ídolos, Walcyr Carrasco, em tramas de boa repercussão, como Sete Pecados (2007), Caras & Bocas (2009) e Morde & Assopra (2011). Antes roteirista de programas de humor, como Casseta & Planeta, Urgente!, Sai de Baixo e Os Caras de Pau, ela conheceu e fez parte de diversas fases da comédia na TV, além de acompanhar todas as mudanças de comportamento do público ao longo dos anos.
Em entrevista exclusiva ao Viver, Claudia comenta sobre a presença feminina cada vez maior na autoria das novelas e como isso tem influenciado nas construções narrativas. “A teledramaturgia foi durante muitos anos dominada pela escrita masculina e, frequentemente, o universo feminino refletia apenas aquilo que era imaginado pelos homens”, destaca a escritora. “Quando uma mulher se põe nesse lugar, muita coisa ganha maior aprofundamento, inclusive o próprio mundo masculino”, observa.
No entanto, ela faz questão de louvar uma das poucas vozes femininas que enfrentava a hegemonia dos homens. “Janete Clair era uma mestra. Sabia construir a mocinha com perfeição e complexidade, mas também colocava luz no mundo dos homens de um jeito que nem eles faziam”, comenta.
Durante sua mais recente novela, Volta por Cima, concluída no final de abril, Claudia Souto fez parte de uma tríade de nomes femininos dominando a grade nos três horários da Globo, ao lado de Alessandra Poggi (com Garota do Momento) e Manuela Dias (no remake de Vale Tudo). Na conversa, ela reflete ainda sobre a potência da geração de escritoras da qual faz parte. “Somos mulheres que estão há muitos anos na TV. Eu, a Poggi e a Manu conhecemos muito bem a linguagem do humor, do drama, do infantil, dos programas de auditórios, dos reality shows. Somos mulheres de televisão”, salienta. Ela conclui frisando o poder das mulheres na teledramaturgia para propor pautas e ditar tendências: “Acho que a gente chegar nesse lugar de autoria de novelas é essencial. Através da ficção, nós podemos falar com o país inteiro e propor pautas enquanto trazemos entretenimento”.
Prestes a se lançar em um projeto literário, Claudia Souto segue representando as intermináveis possibilidades da autoria feminina contemporânea.